Quem tem ou teve um imóvel e já precisou colocá-lo à
venda sabe como não está muito fácil encontrar comprador de prontidão. Não são
raros os casos de pessoas que estão há anos com a placa de ‘aluga-se’ no portão
do prédio ou da casa, esperando a crise passar e o dinheiro voltar a circular
nesse mercado.
Foi pensando na falta de liquidez do setor
imobiliário que os amigos e empreendedores de segunda-viagem, Mate Pencz, de
origem húngara, e o alemão Florian Hagenbuch, criaram a Loft, uma startup que
compra, reforma e revende imóveis.
A ideia da Loft em si não é algo muito inovadora. Mas
o uso intensivo de tecnologia para diminuir o tempo das reformas e os processos
burocráticos envolvendo contratos, registros em cartórios e autorizações é algo
diferente do que o mercado praticava até então.
A diferença para as companhias de retrofit
(repaginada em um imóvel) é que estas compram o prédio todo e reformam por
igual os imóveis. Já empresas como a Loft compram apenas um apartamento e já
colocam à venda antes da reforma começar, dando a possibilidade do novo comprador
escolher, com antecedência, o visual do imóvel.
“Nosso objetivo é criar liquidez no mercado
imobiliário e o segmento de retrofit não tem escala. Estamos tentando preencher
esses dois vácuos do mercado”, diz Mate Pencz ao Valor Investe.
O pagamento a quem está vendendo é feito à vista e dá
opção ao interessado na compra de dar outro imóvel em troca - claro, se atender
aos requisitos de localização e estado de conservação.
Na esteira da Loft, o grupo ZAP, também começou a
fazer o mesmo: comprar, reformar e revender imóveis, conforme antecipou o Valor
Investe. Até agora a empresa (chamada Ibuyer), resultado da fusão das
plataformas de anúncio de imóveis Zap Imóveis e Viva Real, já comprou mais de
10 apartamentos na cidade de São Paulo. Para o ano que vem os planos são mais
ambiciosos: comprar algumas centenas de imóveis.
Se essa é uma tendência e novas empresas vão entrar
na área ainda é cedo para dizer. Mas em um cenário de mercado imobiliário ainda
patinando e os preços em certa medida estagnados, pode ser uma opção para quem
precisa de liquidez.
Segundo o último levantamento do ImovelWeb, o preço
médio dos imóveis residenciais à venda subiu 0,7% em 12 meses até setembro.
Mas, em termos reais, ou seja, descontada a inflação medida pelo IGP-M (Índice
Geral de Preços do Mercado), caiu 1,30% no mesmo período.
Além da Loft e do Zap, outra novidade do mercado é a
Homer, uma plataforma que tem como objetivo conectar corretores de imóveis e
imobiliárias com outros corretores de imóveis e imobiliárias para facilitar o
fechamento de negócios.
Conheça mais detalhes sobre essas opções e outras
para quem quer vender ou comprar um imóvel:
1. Loft
A startup Loft chegou há um ano no mercado e já fez
aproximadamente 300 transações e investiu mais de R$ 370 milhões em
apartamentos residenciais. O foco inicial eram apartamentos de alto padrão, de
aproximadamente 100 metros quadrados. Mas hoje já compra imóveis com metragem
menor, entre 25 e 69 metros quadrados.
Por ora, atua apenas em São Paulo, ainda que os planos
dos fundadores sejam expandir não apenas para outras capitais brasileiras que
façam sentido, mas também ir para fora do país. A preferência é por bairros
mais nobres. Em São Paulo avaliam apartamentos em Moema, Itaim Bibi, Vila Novo
Conceição, Jardim Paulista, Higienópolis, Jardim América, Jardim Paulistano e
Pinheiros.
Para chegar a um preço de oferta, a Loft usa
tecnologia para cruzar dados de valores de transações na região e contam ainda
com a ajuda de corretores. Usam também os serviços de corretores para encontrar
os imóveis.
É claro que, para a empresa, só compensa comprar por
um preço que, mesmo depois da reforma, lhe dará alguma margem de lucro.
Portanto, esteja disposto a negociar, se quiser vender seu imóvel para eles. A
vantagem é que a Loft paga à vista o apartamento que decidir comprar.
Para os potenciais compradores, a startup dá opção de
receber outro imóvel como forma de pagamento. No site da empresa, além das
plantas dos imóveis à venda, dá para ver o apartamento no formato 3D.
É possível comprar um imóvel logo no início da
reforma, que leva em torno de três a quatro meses, ou já pronto. A vantagem de
pegar no início é a customização e a possível negociação do preço. A Loft conta
com uma empresa parceria de decoração, a Decorati.
Para financiar a contratação de pessoas,
investimentos em tecnologias, a operação em si, a empresa levantou duas rodadas
de investimento junto a fundos que somam R$ 360 milhões. Já, para financiar a
compra dos imóveis, captou R$ 100 milhões junto a investidores, via fundo
imobiliário.
O preço do metro quadrado do imóvel à venda dependerá
do bairro, mas gira em torno de R$ 10 a R$ 15 mil. “Com a gente ela compra um
produto premium por preço mais acessível. A demanda reprimida é maior nesta
faixa de preço”, comenta Mate Pencz.
2. ZAP Imóveis
O grupo ZAP, tradicional plataforma de anúncios de
imóveis, resolveu entrar também no mercado de compra-reforma-revenda e separou,
só neste ano, R$ 100 milhões para o novo ramo de negócio. Até setembro já havia
comprado cerca de 10 imóveis, todos em São Paulo.
Ao Valor Investe a empresa disse que já reformou e
revendeu alguns. A empresa não abre as metas para a área no ano que vem, mas
afirmou que planeja comprar centenas de imóveis, o que exigiria uns bons
milhões de reais.
A proposta é parecida com a da Loft. A preferência
hoje é por imóveis maiores – cerca de 100 metros quadrados – em bairros nobres.
Até agora, fez avaliações nas Zonas Norte e Oeste de São Paulo. Eles usam a
enorme rede de contatos com corretores e imobiliárias para encontrar bons negócios.
Se você está procurando um site para divulgar a venda
do imóvel ou mesmo pesquisar um para comprar, tanto o Zap Imóveis quanto o de
seu concorrente Imovelweb, funcionam como classificados digitais. O primeiro
tem hoje 7 milhões de anúncios e, o segundo, mais de 3,8 milhões.
A Zap tem planos mensais para pessoas físicas que
variam de R$ 199 a R$ 349 plano mensal, mas há opções bimestral e semestral que
têm valores diferentes. Para imobiliárias, o plano vai de R$ 200 a R$ 1.000
mensais (varia conforme região e inventário).
Já o Imovelweb, tem um plano que varia de R$ 199 a R$
699 para pessoas físicas que querem vender imóvel particular e entre R$ 169 a
R$ 239 para corretoras e imobiliárias no plano profissional.
3. Homer
A plataforma digital Homer funciona como um grande
lugar de encontro entre corretores de imóveis e imobiliárias. A intenção é que
eles possam trocar informações sobre o que clientes estão buscando e quais
imóveis têm disponíveis para venda na carteira. A plataforma é gratuita para corretores.
O corretor cadastrado só precisa publicar na
plataforma se está à procura de um imóvel para um potencial comprador ou está
atrás de um potencial comprador para um imóvel. Além disso, especificar qual o
tipo de imóvel, localização, quartos e metragem.
A partir daí, a plataforma usa tecnologia para cruzar
dados e oferecer opções em linha com o buscado. São 20 mil corretores
cadastrados na plataforma e a expectativa da empresa, segundo a presidente e
sócia-fundadora Lívia Rigueiral, é chegar a 100 mil até o fim deste ano.
Para quem está em busca ou quer vender um imóvel,
pode sugerir ao seu corretor usar a plataforma para aumentar o alcance do
negócio.
4. Mude.me
A plataforma Mude.me propõe algo novo no mercado:
transformar as cotas de presentes de casamento (cotas de viagem, utensílios
domésticos ou experiências para a lua de mel) na parcela de entrada do primeiro
apartamento do casal. A plataforma tem parceria com 14 incorporadoras, entre
elas, Cyrela, Diálogo Engenharia, Living, Nortis, Setin, Trisul, Vibra
Residencial, Vitacon, Vivaz e You,Inc.
No Mude.me, o casal estabelece a meta que quer
arrecadar para comprar o apartamento e os convidados se engajam na tarefa de
ajudá-los a cumprir a meta. De forma lúdica, o site mostra aos convidados que
eles estão presenteando os noivos com cômodos do apartamento – sala de estar,
quarto, cozinha, sacada.
Uma vez encerrada a lista, o total arrecadado é usado
pelos noivos para dar entrada em um dos apartamentos disponíveis no site – por
ora, só há opções na cidade de São Paulo. Mas, o casal pode também sacar o
dinheiro, caso morem em uma cidade que ainda não tenha imóveis no site.
“O Mude.me permite aos noivos aproveitar este momento
único, em que normalmente recebem dos convidados presentes que somam um valor
considerável, para realizar o sonho de ter um imóvel próprio. Comprar uma casa
é um grande marco na vida de um casal, e queremos dar um impulso para que isso
aconteça logo no início da vida a dois”, conta Guilherme Sawaya, presidente do
Mude.me.
Na plataforma, os noivos podem ainda customizar sua
página com a história do casal, fotos, informações sobre os eventos do
casamento, disparo de “Save the Date” por Whatsapp ou Facebook, ferramenta de
confirmação de presença e outros recursos para facilitar a organização do
casamento.
Há ainda uma seção interessante em que os noivos
podem interagir com outros casais que casarão na mesma região, trocando dicas
sobre floristas, fotógrafos, DJs e etc.
Fonte: Naiara Bertão, Valor Investe
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