Todas as pontes, assim como viadutos, passarelas e túneis
são chamadas na Engenharia de
obra de arte especial. Dentre as pontes e viadutos existem
tipologias como a treliçada, a de arcos, ou, que são as mais comuns, pênsil e
estaiada. Embora essas duas últimas contenham um tipo de cabo de suspensão,
elas diferem quanto à estrutura e construção.
Tanto a ponte pênsil como a estaiada têm mastros e tabuleiro
– a “laje” sobre a qual passam os veículos. No caso da ponte estaiada, os
estais que saem do mastro são ancorados diretamente no tabuleiro em nichos de
ancoragem. Devido a sua angulação, eles podem sair do mesmo ponto no topo do
mastro – o tipo “leque” – ou sair paralelos do mastro – tipo “harpa”.
Já na ponte pênsil há um cabo de aço principal e os cabos
pendurais (verticais), os quais se ligam perpendicularmente ao tabuleiro. O
cabo principal da ponte pênsil vai de uma ponta até outra, preso pelos mastros,
e toma a forma de uma catenária (figura
geométrica formada quando um cabo é suspenso pelas extremidades e sofre a ação
do próprio peso). Enquanto a componente vertical dos esforços é recebida pelos
mastros, as forças de tensão são equilibradas por blocos de ancoragem, que
ficam presos em cada extremidade do cabo principal.
A ponte pênsil tem outro elemento que pode ser visto como
uma desvantagem, explica João Carlos Gabriel, coordenador do curso de
Engenharia Civil da Universidade Presbiteriana Mackenzie Campinas. “Ela precisa
de uma viga de rigidez para evitar a oscilação provocada pelos veículos ou pela
carga do vento. Por conta da oscilação, ela pode entrar em ressonância e ruir”.
Em contrapartida, o tabuleiro da ponte estaiada tem rigidez
maior, podendo vencer vãos acima de 150 m. Por isso, “ela é indicada para
locais com grande passagem de embarcações”, comenta Gabriel. Além disso, seu
tempo de construção também é menor, quando comparada a outros tipos de ponte.
A ponte estaiada pode ser construída, por exemplo, com
fôrmas deslizantes, ou por balanços sucessivos: a partir do mastro, cada
elemento estrutural do tabuleiro vai sendo ancorado um após o outro. Já na
ponte pênsil, é necessário iniciar as obras das margens para o centro.
Além das suas vantagens, há um argumento popular para a
escolha de pontes estaiadas, que é a admiração que ela provoca. Existe um
interesse das pessoas por essa estética, seja por conta da simetria da ponte,
da harmonia com o ambiente, ou mesmo por ser diferente.
Conheça pontes estaiadas e pênsil no Brasil e no mundo
A ponte pênsil Tacoma Narrows foi inaugurada em 1º de julho
de 1940 no estado de Washington, Estados Unidos, ligando a península de Kitsap
com a cidade de Tacoma. Até hoje seu caso é estudado em cursos de Engenharia e
de Física, pois sua estrutura sofreu ação do vento local e, por não ter vigas
de rigidez, entrou em ressonância, passou a oscilar e ruiu. Seu colapso foi em
7 de novembro do mesmo ano.
Dentre as pontes pênsil de mais destaque mundial está a
Golden Gate, que liga São Francisco a Sausalito (EUA). Aberta em 1937, tem elementos
art déco e é feita de aço pintado de laranja. Mas a ponte pênsil com o maior
vão do mundo é a Akashi-Kaikyo (Japão), 1,9 km de vão central (3,9 km de
comprimento total), inaugurada em 1998.
No Brasil, uma das primeiras pontes suspensas foi a Ponte
Pênsil de São Vicente, na Baixada Santista (São Paulo), inaugurada em 1914. Ela
foi submetida a uma grande reforma de manutenção em 2015, que incluiu a troca
dos seus 16 cabos de sustentação e substituição do piso, que era de madeira.
Outra ponte de destaque fica em Florianópolis (Santa Catarina) – é a Hercílio
Luz, de aço, inaugurada em 1926. É a ponte pênsil de barras de olhal mais longa
do mundo, e foi tombada nas esferas municipal, estadual e federal como
patrimônio histórico e arquitetônico.
No âmbito das pontes estaiadas, uma das mais reconhecidas
nacionalmente é a ponte estaiada Octávio Frias de Oliveira, em São Paulo (SP),
inaugurada em 2008 com um grande mastro em “X” de mais de 138 m de altura e 144
estais revestidos de polietileno amarelo. A Rússia é outro país com muitas
pontes estaiadas, como a ponte da ilha Russky (2012), com o maior vão central
do mundo, de 1,1 km. Porém, a ponte com os mastros mais altos é a francesa
Viaduto de Millau (2004), que apesar do nome é uma ponte sobre o rio Tarn.
Projetada por Norman Foster, seus mastros chegam a 342 m.
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