A tecnologia cada vez mais faz parte da vida das pessoas e
transforma o cotidiano das grandes cidades. Ela está inserida desde soluções
simples até as mais complexas. E a tecnologia também já faz parte da rotina de
muitos condomínios e uma de suas aplicações está na portaria remota.
Segundo levantamento da Associação Brasileira das Empresas
de Sistemas Eletrônicos de Segurança (Abese), o setor tem a expectativa de
expansão de 30% no mercado da portaria virtual até 2020. A perspectiva de
crescimento se dá porque são muitos os pontos positivos pela transição para o
modelo e a principal delas é a economia nos custos do condomínio, que gira
entre 50% e 70%. Mas também existem os aspectos negativos de inserir a
tecnologia na portaria de um empreendimento. Saiba quais são os prós e os
contras da portaria remota.
Crescimento
Para a presidente da Abese, Selma Milgliori, o crescimento
do mercado de portaria virtual se dá pelo investimento na tecnologia em busca
de mais segurança, respaldo e equilíbrio do orçamento. Porém ela ressalta que
ainda existe uma concentração nas regiões Sul e Sudeste, como aponta pesquisa
da entidade. São Paulo concentra 43,5% das empresas que oferecem o serviço,
seguido pelo Paraná (13%), Rio Grande do Sul (9,2%), Rio de Janeiro (8,4%) e
Minas Gerais (7,6%). No Nordeste, o Ceará lidera com 5,3% da participação. A
solução, em sua maioria, foi incorporada no portfólio da empresa e convive
junto com outros tipos de serviços, já que 85,7% afirmam que oferecem múltiplas
soluções.
Funcionamento
A tecnologia é a ferramenta aliada por trás do funcionamento
da portaria remota. “Imagine morar em um condomínio onde ao invés de avisar o
porteiro sobre a chegada de visitas, o morador envia um código QRCode
diretamente para o celular dos convidados e libera a entrada sem a necessidade
de avisa à portaria. Esta é a realidade de condomínios que trocaram a portaria
presencial pelo remota, ou seja, quando o atendimento operacional de um
condomínio está concentrado em uma central à distância e tudo é realizado
através da tecnologia”, explica Walter Uvo, especialista em tecnologia de segurança
de condomínios da MinhaPortaria.com.
Benefícios da portaria remota
Walter Uvo aponta a segurança dos moradores como um dos
pontos positivos. “Isso porque 80% de todos os processos de validação de
entrada e saída de visitantes, prestadores de serviço e habitantes são checados
eletronicamente, o que minimiza a possibilidade de falhas que tornam o
condomínio vulnerável”, explica. Para Rodrigo Karpat, advogado especialista em
Direito Imobiliário e sócio do Karpat Advogados, existem equipamentos que
ajudam nesta questão da segurança. “Alguns é preciso cadastrar o RG e ele fica
gravado, alguns condomínios todos os moradores precisam passar por
cadastramento. Dá para liberar o acesso das pessoas e funcionários apenas
durante o período que o morador autorizou. Dá para ter um controle melhor do
prédio. Pode usar com chave ou com a digital. O chaveiro oferece um risco maior
porque pode perder ou emprestar, já a digital é o mais eficiente”, acrescenta.
Ambos ainda creditam os custos como um dos principais benefícios.
Custos da portaria remota
A principal questão que leva um condomínio a adotar a
portaria remota é a proposta de redução dos custos. “Você tem portarias remotas
que chegam a reduzir metade dos custos do condomínio. Isso porque o custo da
mão de obra chega, em média, a 50% ou 70% dos custos totais do condomínio”,
explica Rodrigo Karpat. “Caso um condomínio tenha uma portaria 24 horas, um
zelador e um faxineiro, os custos chegam a algo em torno de R$ 20 mil, a
depender do tempo que estão, se são terceirizados. Então, muitas vezes, para
reduzir os custos e manter alguém cuidando do prédio presencialmente os
edifícios optam por um sistema híbrido, com a portaria remota, mas que mantém
um faxineiro ou um zelador”, complementa.
Contras
Para o advogado Rodrigo Karpat, um ponto negativo é que o
condomínio precisa se adequar para receber as ferramentas tecnológicas.
“Existem as tecnologias, precisa estar ligado a um computador, rede de wifi,
precisa ter um no break para caso a energia caia. Às vezes precisa trocar o
maquinário da porta, o portão precisa estar hábil. São investimentos que
precisam ser feitos para fazer as adequações físicas”, detalha. Já para Selma
Milgliori, outro aspecto que pesa ainda diz respeito à resistência dos
moradores em relação às novas tecnologias.
“A maior questão não diz respeito a efetividade da solução
em relação aos custos e segurança do condomínio. Apesar dos benefícios, a
solução tecnológica ainda enfrenta resistência de moradores que temem não se
acostumar com a mudança de não ter mais um porteiro na portaria para serviços
como abrir portas, ajudar a carregar compras e entre outras gentilezas do dia a
dia”, afirma. Porém, segundo ela, o que tem acontecido, é que porteiros estão
sendo requalificados para assumir outras funções que estão surgindo, como o
trabalho em centrais de monitoramento, além de atividades de atendimento,
instalações de sistemas, desenvolvimento de softwares, entre outras.
Convenção
O advogado Rodrigo Karpat ainda reforça que a instalação da
portaria remota não pode ser imposta ao condomínio. “Isso deve ser definido
através de uma votação na assembleia, não é um sistema que deve ser imposto. É
uma mudança de paradigma e deve passar pela avaliação prévia para ser aprovada
em maioria simples e só depois instalar o sistema no condomínio”, pontua.
Portaria remota e o recebimento de encomendas
Outra questão que costuma ser levantada diz respeito às
entregas de correspondências e entregas de deliverys. “Sobre o serviço dos
Correios, cada edifício estabelece um procedimento específico e votado em assembleia
de moradores. Alguns optam por estabelecer que somente o morador pode receber
as próprias correspondências e outros estipulam que essa função ainda fique a
cargo de um zelador. No entanto, há também uma parcela que investe na
tecnologia para automatizar esse processo com os armários eletrônicos para cada
apartamento. A solução envia uma mensagem para o celular dos moradores assim
que uma correspondência é deixada no armário e facilita o recebimento”, detalha
Walter Uvo. Rodrigo Karpat alerta para que os condomínios estejam protegidos
para evitar problemas com oficiais de justiça, por exemplo.
Perfil
Alguns perfis de condomínios se adequam melhor ao sistema de
portaria remota. Para o advogado Rodrigo Karpat, os prédio menores são os mais
adequados. “É mais fácil porque tem menos gente. Os maiores vão demandar muito,
é difícil de encontrar, mas encontra. O que costuma acontecer é que esses
empreendimentos têm mais de uma portaria e aí acabam colocando a portaria
remota em uma entrada lateral ou de mudança em vez de manter uma pessoa fixa”,
explica.
Walter Uvo também defende que alguns tipos de condomínios
sentem de forma mais expressiva os impactos positivos da portaria remota. “Os
benefícios são melhores percebidos em condomínios com até 60 unidades. Neles é
possível obter um aumento na segurança e uma efetiva redução de custos no
boleto dos moradores. Em condomínios maiores a redução também acontece, uma
economia de R$ 5 mil e R$ 10 mil por mês, mas como esse valor é diluído em
muitas unidades, o morador não parcebe, apesar de também estar se beneficiando
com a segurança e o equilíbrio financeiro”, conclui.
Fonte: ZAP em Casa
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