Segundo analistas ouvidos pelo UOL , a velha máxima de
comprar barato para vender mais caro pode sair pela culatra, com a economia
ainda debilitada devido à baixa taxa de investimento e o endividamento das
famílias, além da falta de uma direção clara da política econômica do próximo
governo.
"É um momento muito arriscado", afirmou o
consultor financeiro e diretor da BlueQuanty Educação, André Massaro. Para ele,
as eleições presidenciais deste ano trazem muita instabilidade aos preços de
todos os investimentos no mercado. "Inclusive o dos imóveis, que têm um
valor muito alto e baixa liquidez, isto é, demoram bastante para serem
vendidos".
Ele recomenda a compra de um imóvel para embolsar o lucro no
curto prazo, apenas se o investidor tiver um perfil mais arrojado e decidir
"comprar o risco" das eleições "mais tensas da redemocratização
do Brasil". Caso contrário, é melhor evitar seguir por esse caminho.
"Agora, se ele tiver uma informação segura sobre as
eleições, aí vale a pena", afirmou Massaro, pois "o valor de mercado
dos imóveis pode dar uma impulsionada, e o investidor pode sair ganhando com
esse jogo de expectativas".
Preços de imóveis estão quase estáveis
E, se a opção for realmente investir na compra, a
diretora-executiva comercial da Lopes, Mirella Raquel Parpinelle, afirmou que
esse é um bom momento, já que o preço dos imóveis pouco se alteraram.
O Índice FipeZap, que monitora o comportamento do preço de
venda de imóveis residenciais em 20 cidades, encerrou próximo da estabilidade
em julho, com uma leve queda de 0,07% em relação ao mês passado. De janeiro até
agora, o preço médio de venda teve uma queda real de 3,05%.
A localização é a principal característica a que o cliente
deve prestar atenção, segundo a diretora-executiva da Lopes. "Estar perto
de metrô, vias de acesso rápido e áreas de lazer podem fazer com que o imóvel
se valorize ainda mais."
Comprar para alugar pode valer a pena
Se a ideia não é especular com o preço dos imóveis, a
análise muda de contexto. Fazer a compra para ganhar com o aluguel é uma boa
opção, considerando a queda da taxa básica de juros, a Selic, que caiu de
14,25% para 6,5% ao ano.
Mesmo com o risco de vacância (o tempo em que o apartamento
ou a casa fica sem inquilino), o consultor Massaro disse que essa modalidade
deve ser pelo menos "considerada" pelo investidor.
Para isso, basta avaliar o custo de oportunidade, comparando
o valor pago por uma aplicação de renda fixa tradicional com o preço do
aluguel.
Para se ter uma ideia, o preço do aluguel médio hoje chega a
0,5% do valor de um imóvel na cidade de São Paulo, o que, no caso de um
apartamento de R$ 300 mil, daria uma remuneração de R$ 1.500 por mês ou R$ 18
mil por ano ao investidor (valor que não sofre desconto pela Receita Federal no
Imposto de Renda).
Um título Tesouro Selic vendido pela plataforma Tesouro
Direto, por exemplo, remunera a uma taxa de 6,5% ao ano. Nesse caso, existe
eventualmente a incidência da taxa de corretagem, do Imposto de Renda na hora
do resgate da aplicação e da taxa de custódia do título, que é cobrada pela B3
(antiga BM&FBovespa).
Em uma simulação no próprio site do Tesouro Direto, se o
investidor decidir aplicar R$ 300 mil nesse título e a taxa básica de juros
mantiver-se no mesmo patamar, ele irá receber cerca de R$ 15 mil de rendimento
líquido em um ano, descontadas as cobranças acima.
Logo, com o aluguel, o investidor tem um ganho de R$ 3.000 a
mais em comparação ao Tesouro Selic.
Fundos imobiliários em vez de comprar uma casa
Se você não tem dinheiro para comprar uma casa ou um
apartamento sem financiamento em um banco ou uma cooperativa de crédito, há uma
modalidade mais barata, mas mais arriscada. Trata-se dos fundos imobiliários.
Já há uma centena deles no mercado e, para investir, basta
comprar uma cota, que é vendida a partir de R$ 500. "É preciso, no
entanto, analisar bem cada um deles", declarou Fabio Macedo, diretor
comercial da corretora Easynvest.
Isso porque eles são subdivididos em três tipos: o de papel,
que é mais conservador, e investe basicamente em LCI (Letras de Crédito
Imobiliário) e CRI (Certificado de Recebíveis Imobiliários); o de shopping
centers e galpões, que investe na compra desses imóveis para locação; e o de
empreendimentos, o mais arriscado de todos, pois absorve o risco desde a compra
do terreno, a construção do imóvel e a venda dele.
Quem compra uma cota no fundo recebe uma parte dos aluguéis,
tornando-se indiretamente um dos donos dos imóveis. O fundo é administrado por
um gestor, que cuida de toda a parte burocrática.
Além disso, os fundos imobiliários são mais arriscados que a
renda fixa e, consequentemente, podem oferecer retorno maior, mas não são tão
instáveis quanto ações. Em média, de acordo com a B3, o número de investidores
cresceu 39% em 2017 nesse tipo de fundo, cuja valorização teve uma média de 18%
nos últimos 12 meses.
Fonte: Diogo Max para o UOL
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