Para entender quais os principais motivos que levaram os
trabalhadores da indústria da construção civil do estado de São Paulo a
realizarem consultas médicas e também se afastarem de seus postos de trabalho,
o Serviço Social da Construção Civil do Estado de São Paulo (Seconci-SP)
analisou uma série histórica de dados referentes ao período de 2012 à 2017.
De acordo com os dados observados, as dores localizadas na
área lombar, nas articulações ou juntas e as inflamações foram os principais
motivos de afastamento dos trabalhadores durante os anos analisados. Porém,
houve uma queda significativa nesse número de afastamento quando observado o
período. Segundo a dra. Norma Araujo, superintendente do Instituto de Ensino e
Pesquisa Armênio Crestana (Iepac), em 2012, o número de atendimentos com essa
razão era de 43%, já em 2017, o índice caiu para 30%.
A sequência de diagnósticos reuniu vários motivos com
índices inferiores. As infecções de garganta, de faringe, sinusites, gripes e
viroses, representaram 13,3% no fechamento desses dados, em 2017. Em torno de
8,1% dos trabalhadores buscaram atendimento por problemas relacionados aos
olhos e suas proximidades. Já 5,2% dos atendimentos evidenciaram problemas
relacionados ao aparelho digestivo, como má digestão, gastrite, diarreia,
inflamações do intestino, entre outras. Houve uma redução nas doenças
relacionadas à pressão arterial e também com relação às doenças cardíacas.
Análise dos dados das doenças
“Olhando todo o panorama dessas doenças não há nenhuma que
nós possamos atribuir ao trabalho da construção civil. As dores na coluna,
dores lombares, dores nas juntas, se transformaram em uma epidemia mundial, ou
seja, são bem democráticas. Elas atingem desde o grande empresário que passa o
dia inteiro sentado, na área administrativa, e têm relação com o sedentarismo”,
afirma a dra. Norma Araujo.
Também de acordo com a especialista, as demais doenças que
impactam vias respiratórias, as infecções e inflamações como, sinusites e
amigdalites, atingem toda a população devido aos problemas de poluição
ambiental – não sendo atribuídas somente ao público da construção civil.
Já quando se analisa o comportamento dos trabalhadores como
um todo durante esse período, foi possível descobrir que cada vez mais uma
quantidade maior de profissionais da construção civil está preocupada com a
qualidade de vida. “Muitos profissionais têm vindo ao Seconci-SP fazer exame de
checagem e é um fator extremamente importante para reduzir afastamento. Outro
fator muito importante é que ao longo de todo o período de estudo, quando a
gente começou em 2012, o número médio de afastamento era em torno de 2,3 dias.
Na última análise, em 2017, observamos que a maioria dos trabalhadores se
afasta por um período inferior a 2 dias”, afirma a dra. Norma Araujo.
Prevenção
Algumas doenças como a gripe, podem ser prevenidas com o
processo de vacinação. Quando realizado em parceria com o Seconci-SP, é
possível fazer isso em canteiro de obras mediante contratação da construtora.
“É importante fazer a vacinação contra a gripe, principalmente, quando você
mira pessoas que estão em conglomerados. Se estão juntos, um tem a doença e
dissemina para os demais”, explica a especialista. Já com relação às contusões
e entorses, vale ressaltar a importância do uso correto dos Equipamentos de
Proteção Individuais e também a necessidade de realizar cada serviço de maneira
correta, seguindo o passo a passo estipulado pela construtora, que devem
evidenciar os melhores posicionamentos com relação à ergonomia.
Sobre as doenças gastrointestinais, é possível trabalhar a
educação alimentar com o auxílio de nutricionistas e orientações em campo. É
importante informar aos trabalhadores quais são os alimentos que eles devem
consumir com maior frequência e que causariam menos impacto no aparelho
digestivo.
A última questão envolve os transtornos mentais. Doenças
como crise de ansiedade e depressão que estão impactando o meio corporativo, no
entanto, não apareceram com expressividade nos atendimentos realizados pelo
Seconci-SP.
Fonte: Mapa da Obra, Votorantim
Fonte: Mapa da Obra, Votorantim
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