Tendo em vista que grandes cidades tiveram reduzida sua
capacidade de receber em seus parques, praias ou mesmo calçadas esses
encontros, por conta de fatores como insegurança, clima e ausência de estrutura
(como vagas de estacionamento ou banheiros), os espaços privados passaram a
exercer a função. Bares, restaurantes, cafés, clubes e shopping centers fariam
parte da lista dos novos ‘terceiros lugares’.
No entanto, nesses novos tempos, onde as definições
tradicionais costumam ser constantemente desafiadas, a clara divisão entre os
três lugares de Oldenburg começa a embaralhar-se. Um bom exemplo dessa confusão
é a crescente quantidade de profissionais que passaram a trabalhar em casa ou
em espaços conhecidos como coworking. Somente nos Estados Unidos, estima-se que
cerca de 43% da população economicamente ativa trabalhe remotamente pelo menos
alguma parte do tempo.
O coworking é mais um filhote da economia compartilhada e
parece ter vindo para ficar. Em todo o mundo, Brasil inclusive, espalham-se
unidades desses locais modernos, onde pessoas de variadas profissões locam
mesas ou salas por tempo determinado, muitas vezes criando um ecossistema de
apoio mútuo. A novidade é que esses espaços estão começando a invadir terrenos
antes dedicados exclusivamente ao consumo, lazer e serviços. Estou falando,
obviamente, dos shopping centers.
Nos Estados Unidos, onde a forte redução na quantidade de
lojas gerou amplos espaços vacantes nos shoppings, os coworkings naturalmente
entraram na mira das principais administradoras. A Macerich, por exemplo, uma
das maiores empresas americanas de shopping centers, anunciou, na semana
passada, um acordo com a Industrious, provedor de espaços de trabalho, que vai
operar locais de coworking em diversos empreendimentos.
Para os shopping centers, as vantagens de investir em
coworking vão além do preenchimento de lojas vagas. Eles garantem também um
tráfego diário adicional de pessoas durante todo o período de funcionamento,
além de impulsionar serviços como alimentação. Não é à toa que um estudo
recente, divulgado pela JLL, previu que a área destinada a locais de coworking
em shoppings crescerá a uma taxa anual de 25% nos próximos cinco anos.
Hoje, ainda segundo o estudo da JLL, há diferentes tipos de
coworking. O mais comum é o que reúne uma mescla de trabalhadores remotos de
empresas, empreendedores e criativos. No entanto, há também locais que oferecem
adicionalmente mentoria e serviços para o desenvolvimento de novos negócios,
equipamentos específicos para profissionais da economia criativa e até os que
funcionam como incubadores de empresas varejistas, incluindo ainda espaço para
exposição ou demonstração dos produtos desses comerciantes para os
frequentadores do shopping.
No Brasil, ainda são muito poucos os espaços de coworking em
shopping centers. Aqui e ali registram-se, no máximo, espaços temporários, de
uso gratuito, para que estudantes e profissionais possam trabalhar, fazer
reuniões ou pequenos trabalhos. À medida que o shopping for adquirindo novas
funções, a tendência é que esse cenário mude. Afinal, com a integração de
varejo, lazer, alimentação, serviço, residências, hotéis, universidades,
centros médicos, escritórios e locais de coworking, o shopping center tem todas
as condições de virar a teoria de Ray Oldenburg de cabeça para baixo e reunir,
em um só local, o primeiro, o segundo e o terceiro lugar.
Fonte Luiz Alberto Marinho, Mercado & Consumo
Fonte Luiz Alberto Marinho, Mercado & Consumo
Nenhum comentário:
Postar um comentário