"Logo que percebemos o atraso, a Caixa começa o contato
com o cliente para oferecer novas condições ou renegociar, porque a nossa
intenção é que o cliente continue com o imóvel", diz o vice-presidente de
logística e operações da Caixa Econômica Federal, Marcelo Ramos Prata.
Outros bancos têm o mesmo procedimento. "A opção pela
retomada é a última e ocorre apenas quando todas as opções de renegociação não
foram efetivas", informou o Itaú Unibanco.
No banco, só 0,7% das operações acabam em entrega do imóvel.
O diretor de crédito e recuperações para pessoa física do Santander, Cassio
Schmitt, explica que, antes de retomar, a instituição tenta se adequar à nova
capacidade de pagamento do cliente.
O volume de renegociações cresceu seis vezes em dois anos no
Santander. No Banco do Brasil, os contratos repactuados cresceram 15% no
primeiro semestre.
Quando não há saída, o banco executa a garantia da operação,
que é o próprio imóvel. Na Caixa, já são 47 mil casas e apartamentos em estoque
- o que coloca o banco como uma das maiores imobiliárias do País.
Isso gera outro problema. Rafael Schiozer, professor de
finanças da FGV, nota que, além do prejuízo com o calote do mutuário, o banco
ainda tem gastos para manter essas unidades. "Além disso, quanto mais
ativos imobilizados desse tipo, menor será a capacidade de oferecer novos
créditos."
Para evitar esse problema, a Caixa tem investido para
acelerar a venda dos imóveis e montou estrutura com 450 empregados em 12
cidades do País. O esforço fez com que o volume de vendas saltasse de R$ 450
milhões em 2016 para R$ 1 bilhão no ano passado. Neste ano, a cifra deve somar
R$ 1,6 bilhão.
O Banco Central reconhece que há aumento na devolução de
imóveis. "Desde 2014, verifica-se aumento do fluxo de retomada de imóveis
de devedores inadimplentes. No entanto, o montante em imóveis é pequeno e não
representa risco para as instituições ou para a estabilidade financeira",
avalia o mais recente Relatório de Estabilidade Financeira da instituição.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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