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sábado, 22 de setembro de 2018

Shoppings ganham restaurantes famosos, que antes eram vistos só nas ruas

Nos 1980, a família Fasano ousou ao abrir um restaurante francês no Eldorado. A empreitada não teve vida longa. "Naquela época, havia muita resistência a comer em shopping", lembra Rogério Fasano.

Corta para 2018. Hoje, o grupo Fasano tem duas casas no refinado Cidade Jardim, o Nonno Ruggero e o Bistrot Parigi, além de unidades em shoppings do Rio e de Brasília.

Se no passado comer em shopping era resumido aos fast-foods e às bandejas da praça de alimentação, hoje a história é outra.

"Food is the new fashion", brinca André Moreno, do grupo Iguatemi. Em um movimento crescente, empreendimentos, de luxo ou populares, estão trazendo cada vez mais gastronomia aos seus corredores.

"O cliente quer se sentir em um passeio, então é importante pensar no mix como um todo", diz Carlos Santos, superintendente do West Plaza.

Em tempos de crise, restaurantes têm um papel em atrair a clientela. "Muitos shoppings só se consolidaram porque somos um destino dentro deles", diz Pierre Berenstein, CEO da Bloomin' Brands, dona do Outback no Brasil.

Por outro lado, restaurantes também se beneficiam da estrutura, da segurança ao estacionamento. Mas, para fugir ao estigma, alguns fazem de tudo para não lembrar que estão... em um shopping.

É o caso, por exemplo, da padaria Le Pain Quotidien, no Pátio Higienópolis, instalada em um casarão histórico no espaço externo.

No Cidade Jardim, a maioria das casas fica no rooftop, com vista para os arranha-céus da marginal Pinheiros. "Nosso cliente não se sente dentro do aquário", explica a diretora de marketing Joana Laprovitera.

CIDADE JARDIM
Pode se dizer que foi o responsável por consolidar de vez a moda dos restaurantes de grife dentro de shoppings. Quando abriu, em 2008, já reunia casas badaladas, como Due Cuochi, Pobre Juan e Nonno Ruggero -algo pouco comum até então.

"Ele foi projetado para ter opções gastronômicas de alto nível", explica a diretora Joana Laprovitera. Atualmente, tem 12 casas, entre elas a Adega Santiago -tão movimentada quanto suas filiais na região dos Jardins- e o Sal Gastronomia, de Henrique Fogaça, também do reality MasterChef.

A área gourmet se fortaleceu tanto que, antes restrita ao rooftop, agora se espalhou também para o térreo. O piso está sendo reformado para acomodar duas grandes novidades: o Makoto, japonês badalado de Miami, e o grego Kouzina, cujas inaugurações estão previstas para o mês que vem.

O Nonno Ruggero também deve passar por mudanças para se transformar no Gero Caffè, que servirá refeições durante o dia todo.

JK IGUATEMI
O sofisticado shopping da Vila Olímpia nasceu durante o "duelo" de mesas de grife entre o Iguatemi e o Cidade Jardim, em 2012.

Com a chegada, ajudou ainda mais seu grupo a reforçar o seleto time de casas badaladas em seus corredores. Estrearam, na época, o italiano Tre e o Varanda Grill. Pouco tempo depois, vieram apostas como a primeira filial do Spot e também uma do Ici Brasserie.

Entre as novidades, foi aberta uma unidade do japonês Kitchin ao lado da filial do bar Astor -que ocupa o espaço deixado pela Daslu, um dos carros-chefes na época da inauguração. Em breve, será a vez do Le Manjue Café, do chef Renato Caleffi.

IGUATEMI SÃO PAULO
O primeiro shopping do Brasil sempre manteve em seu mix restaurantes tradicionais de shopping, como o Galeto's e o Ráscal, há 34 e 24 anos, respectivamente no ponto.

Também ostentava operações de renome, como o Gero Caffè, do grupo Fasano, que ficou por ali durante quase duas décadas.

Com a inauguração do Cidade Jardim, o empreendimento partiu para o ataque, reunindo um time de peso não só na ala das araras de grifes, mas também das mesas estreladas.

Em 2011, abriu seu boulevard gastronômico, um corredor com vista para o arborizado estacionamento externo. Ali, estrearam a elegante churrascaria Rodeio e o descolado Ritz.

Na sequência, vieram o francês Le Jazz; o Manioca, da premiada chef Helena Rizzo; e o Junji Sakamoto, versão mais pop do exclusivo japonês de Pinheiros, entre outras.

No fim do mês que vem, a novidade é a abertura do Più, um italiano badaladinho instalado no Baixo Pinheiros.

MARKET PLACE
Na década de 1990, era mais conhecido por ser o shopping da "montanha-russa de dragão".

A fama (eo brinquedo) ficaram no passado, e agora ele faz de tudo para ser conhecido como um dos polos gastronômicos da concorrida região de escritórios da avenida Chucri Zaidan, competindo inclusive com o vizinho Morumbi Shopping.

"Queremos mesclar casas de padrão mais sofisticado com outras populares", explica André Moreno, diretor de operações do grupo Iguatemi.

Nessa mistura, o cliente que anda por seus corredores encontra tanto os frutos do mar do Coco Bambu quanto as delícias típicas do Outback, além dos pratos franceses casuais do Ici Brasserie, dos hambúrgueres da recém-inaugurada unidade do Madero, do clássico bufê do Ráscal e dos pães da belga Le Pain Quotidien.

MORUMBI SHOPPING
Na arqueologia dos shoppings paulistanos, foi um dos pioneiros a trazer restaurantes de rua para a praça de alimentação. No fim dos anos 1980, os clientes já encontravam ali uma área gourmet com Galeto's, a churrascaria Esplanada Grill e o Almanara.

Ao longo da década de 1990, ainda vieram os frutos do mar do Rufino's, as carnes do Barbacoa e as receitas francesas executadas pelo Le Chef. Todos seguem firmes e fortes por lá.

Com o crescimento do eixo empresarial da Berrini, um público de executivos também começou a circular ali. A oferta cresceu ainda mais e soma hoje 23 restaurantes -entre eles, estão o Cabana Burger, o Olive Garden e uma filial do bar Pirajá.

PÁTIO HIGIENÓPOLIS
Desde que inaugurou, em 1999, vem se transformando. Reformou, expandiu, ganhou mais pisos e também novos restaurantes, que mudaram o jeito de comer no empreendimento. Na área externa,
ficam duas opções que ajudam a dar cara de rua às opções ligadas ao shopping.

A filial da padaria belga Le Pain Quotidien está instalada dentro de um adorável casarão histórico, enquanto o charmoso italiano MoDi, nos fundos da livraria Saraiva, tem mesas ao ar livre sob a sombra de árvores.

Entre os corredores e suas escadas rolantes, entretanto, o shopping também dispõe de ótimas alternativas, como o chinês P.F. Chang's, a pizzaria Bráz Elettrica e a Forneria San Paolo.

WEST PLAZA
A bem servida praça de alimentação no 3º andar foi, por quase duas décadas, uma de suas atrações principais.

Porém, a partir de 2012, o empreendimento passou por um reposicionamento de imagem -e, com a mudança, novos restaurantes foram um dos ingredientes mais importantes. "Mais do que dobramos a área destinada à gastronomia e vamos continuar expandindo", diz o superintendente, Carlos Santos.

Espalhados por seus corredores, surgiram uma das primeiras unidades brasileiras da lanchonete Johnny Rockets, filiais da padaria St. Etienne e da trattoria Pecorino.

Até o fim deste ano, serão abertas a Temakeria & Cia e as hamburguerias Jerônimo (do grupo Madero) e The Black Beef (na área do boliche).

Fonte: Júlia Gouveia, Folha de São Paulo

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