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sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Em Barretos, fiéis erguem 'filial' da basílica nacional em homenagem à Nossa Senhora Aparecida

Em construção há 13 anos, minibasílica espera 5 mil católicos para celebrações nesta sexta-feira. Templo com 1,4 mil m² se tornou ponto de peregrinação e receberá título de paróquia.

Capital nacional do rodeio e sede da maior festa de peão da América Latina, Barretos (SP) está se tornando ponto de peregrinação de fiéis católicos. Uma réplica do Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida tem atraído devotos de todo o país. Nesta sexta-feira (12), dia da padroeira do Brasil, ao menos 5 mil devem participar das celebrações no local.

Ainda em fase de construção, que já dura 13 anos, a “minibasílica”, como é chamada, impressiona pela semelhança, apesar de ser mais modesta que o templo em Aparecida (SP): a igreja tem 1,4 mil metros quadrados de área construída, enquanto a basílica tem 71,9 mil metros quadrados.

Responsável pela igreja há três anos, o padre Davis Pedott conta que o projeto teve início em 1992, quando os moradores do bairro Vila Marília perceberam que capela, construída na década de 1960 e que ainda está de pé, nos fundos da minibasílica, já não comportava todos os fiéis.
“Pediram autorização para o bispo, para o Santuário Nacional, porque é a única igreja igual a que existe em Aparecida. O padre superior da basílica até brincou que somos a filial, pequenina. Ele ficou impressionado, porque nunca tinha visto uma réplica tão fiel”, afirma.

O que mais chama a atenção na minibasílica é a torre de 20 metros de altura – no Santuário Nacional, ela tem 107 metros – que abriga um relógio idêntico ao de Aparecida. De hora em hora, o equipamento emite um som, similar ao badalar de sinos.

O templo tem outras quatro torres mais baixas que fazem referência às capelas do Santíssimo, de São José, da Ressurreição e do Batismo, que existem na basílica. A nave tem espaço para 700 pessoas sentadas, mas as missas aos domingos chegam a reunir até 1 mil católicos.

A cúpula em Barretos também é menor: está a 18 metros do solo e foi construída em policarbonato, enquanto a do Santuário é de vidro e está a 70 metros de altura.

Devido ao custo elevado para erguer a igreja inteiramente com tijolos, assim como ocorreu na basílica, os fieis optaram por usar lajotas de cerâmica queimada na fachada, que dão o mesmo aspecto do Santuário. A fase de assentamento dos azulejos ainda está em andamento.

“Além de captar recursos para construir, é preciso manter a igreja. Então, quanto tempo isso vai demorar, não é possível estimar. Antes, captava-se dinheiro apenas para a construção. Uma vez formada a paróquia, existem outros gastos”, explica o padre.

História
O comerciante João Eduardo de Melo Pacheco presidiu a equipe de católicos responsável pelas obras e conta que a Praça Emílio José Pinho, onde está localizada a minibasílica, foi cedida pela Prefeitura de Barretos, em troca de outra praça, que pertencia à igreja católica.

“Existiam outros projetos, construir um barracão, um prédio simples. A ideia de fazer a réplica foi sugerida porque muitas pessoas não têm condições de viajar a Aparecida. Então, mandamos uma carta para a basílica e eles nos responderam positivamente, apoiando o projeto”, relembra.

Entre 1992 e 2004, os fiéis se dedicaram à elaboração do projeto e à captação de recursos. As obras tiveram início, de fato, em março de 2005, com a colocação da pedra fundamental. A primeira missa com o templo em pé, mas ainda sem acabamento, ocorreu sete anos depois.

“Exatamente 10 anos depois da primeira reunião, que foi em 1992, começamos a fazer as missas. Mas, tinha missa em um domingo, no outro não tinha. Não era uma coisa certa, porque estava em obras, no reboco, inacabado e não tínhamos um padre fixo”, diz Pacheco.

Vizinho da minibasílica e grande apoiador do projeto, o comerciante João Batista de Castro relembra o esforço dos fiéis para construir o templo. O grupo realizava mutirões para trabalhar no terreno e eventos beneficentes com o objetivo de arrecadar fundos para a obra.

“Essa igreja é a realização de um sonho. Cada um de nós foi uma migalha nessa construção. Ela é fruto da participação de uma equipe. Para nós, a minibasílica é um sonho realizado, a continuidade da obra de Deus, da força de Nossa Senhora Aparecida”, diz.

Pacheco afirma que desde o início das obras são realizadas duas campanhas anuais para arrecadação de donativos espontâneos, além de dois almoços beneficentes para 1,7 mil pessoas e duas quermesses anuais, sendo uma em julho e outra em outubro.

“Por trás de tudo isso existe a força de Nossa Senhora Aparecida. Eu não acreditava que a gente gastava R$ 400 mil, R$ 500 mil em um ano. Eu me questionava: de onde está vindo esse dinheiro? Mas, as coisas aconteciam, surgiam doações, era realmente milagre”, diz.

Expansão
A igreja estima que ao menos R$ 4 milhões foram investidos na construção do templo. Mas, ainda é necessário cerca de R$ 1 milhão para acabamento, reforma do forro e da cúpula, que já apresenta goteira, e compra de mobiliário novo.

“Temos três salas de catequese, mas tive que barrar as crianças, não abrir novas turmas, porque não temos onde colocar tanta gente. Estamos na capacidade máxima. Graças a Deus, é um bom problema. Quem pensou que a igreja fosse crescer tanto em tão pouco tempo?”, diz o padre.

Em dezembro, a igreja receberá o título de paróquia, mas os devotos querem que o templo seja reconhecido como santuário, designação que pode ser dada pela própria Diocese de Barretos, ou pela basílica, em Aparecida.

Capela de Nossa Senhora Aparecida permanece nos fundos da minibasílica em Barretos (SP) 

“Quando eu cheguei há três anos, tínhamos uma missa com 150, 200 pessoas. Agora, graças a Deus, as missas têm 1 mil, 1,1 mil pessoas. Quando temos o Cerco de Jericó ou a Festa da Padroeira, recebemos 2,5 mil, 3 mil, fazemos missa campal”, conta Pedott.

A minibasílica também foi inserida no roteiro turístico de Barretos. Segundo o padre, mais do que títulos, o maior reconhecimento da igreja católica é o aumento no número de fieis e os milagres relatados por cada um deles.

“O grande milagre que está acontecendo, que é inegável, é a grande quantidade de pessoas que nos visitam, que participam das missas, que vêm se confessar, rezar. As pessoas vêm porque sentem um contato com Deus, com a virgem Maria”, finaliza.

Fonte: Por Adriano Oliveira, G1 Ribeirão Preto e Franca

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