Capital nacional do rodeio e sede da maior festa de peão da
América Latina, Barretos (SP) está se tornando ponto de peregrinação de fiéis
católicos. Uma réplica do Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida tem
atraído devotos de todo o país. Nesta sexta-feira (12), dia da padroeira do
Brasil, ao menos 5 mil devem participar das celebrações no local.
Ainda em fase de construção, que já dura 13 anos, a
“minibasílica”, como é chamada, impressiona pela semelhança, apesar de ser mais
modesta que o templo em Aparecida (SP): a igreja tem 1,4 mil metros quadrados
de área construída, enquanto a basílica tem 71,9 mil metros quadrados.
Responsável pela igreja há três anos, o padre Davis Pedott
conta que o projeto teve início em 1992, quando os moradores do bairro Vila
Marília perceberam que capela, construída na década de 1960 e que ainda está de
pé, nos fundos da minibasílica, já não comportava todos os fiéis.
“Pediram autorização para o bispo, para o Santuário
Nacional, porque é a única igreja igual a que existe em Aparecida. O padre
superior da basílica até brincou que somos a filial, pequenina. Ele ficou
impressionado, porque nunca tinha visto uma réplica tão fiel”, afirma.
O que mais chama a atenção na minibasílica é a torre de 20
metros de altura – no Santuário Nacional, ela tem 107 metros – que abriga um
relógio idêntico ao de Aparecida. De hora em hora, o equipamento emite um som,
similar ao badalar de sinos.
O templo tem outras quatro torres mais baixas que fazem
referência às capelas do Santíssimo, de São José, da Ressurreição e do Batismo,
que existem na basílica. A nave tem espaço para 700 pessoas sentadas, mas as
missas aos domingos chegam a reunir até 1 mil católicos.
A cúpula em Barretos também é menor: está a 18 metros do
solo e foi construída em policarbonato, enquanto a do Santuário é de vidro e
está a 70 metros de altura.
Devido ao custo elevado para erguer a igreja inteiramente
com tijolos, assim como ocorreu na basílica, os fieis optaram por usar lajotas
de cerâmica queimada na fachada, que dão o mesmo aspecto do Santuário. A fase
de assentamento dos azulejos ainda está em andamento.
“Além de captar recursos para construir, é preciso manter a
igreja. Então, quanto tempo isso vai demorar, não é possível estimar. Antes,
captava-se dinheiro apenas para a construção. Uma vez formada a paróquia,
existem outros gastos”, explica o padre.
História
O comerciante João Eduardo de Melo Pacheco presidiu a equipe
de católicos responsável pelas obras e conta que a Praça Emílio José Pinho,
onde está localizada a minibasílica, foi cedida pela Prefeitura de Barretos, em
troca de outra praça, que pertencia à igreja católica.
“Existiam outros projetos, construir um barracão, um prédio
simples. A ideia de fazer a réplica foi sugerida porque muitas pessoas não têm
condições de viajar a Aparecida. Então, mandamos uma carta para a basílica e
eles nos responderam positivamente, apoiando o projeto”, relembra.
Entre 1992 e 2004, os fiéis se dedicaram à elaboração do
projeto e à captação de recursos. As obras tiveram início, de fato, em março de
2005, com a colocação da pedra fundamental. A primeira missa com o templo em
pé, mas ainda sem acabamento, ocorreu sete anos depois.
“Exatamente 10 anos depois da primeira reunião, que foi em
1992, começamos a fazer as missas. Mas, tinha missa em um domingo, no outro não
tinha. Não era uma coisa certa, porque estava em obras, no reboco, inacabado e
não tínhamos um padre fixo”, diz Pacheco.
Vizinho da minibasílica e grande apoiador do projeto, o
comerciante João Batista de Castro relembra o esforço dos fiéis para construir
o templo. O grupo realizava mutirões para trabalhar no terreno e eventos
beneficentes com o objetivo de arrecadar fundos para a obra.
“Essa igreja é a realização de um sonho. Cada um de nós foi
uma migalha nessa construção. Ela é fruto da participação de uma equipe. Para
nós, a minibasílica é um sonho realizado, a continuidade da obra de Deus, da
força de Nossa Senhora Aparecida”, diz.
Pacheco afirma que desde o início das obras são realizadas
duas campanhas anuais para arrecadação de donativos espontâneos, além de dois
almoços beneficentes para 1,7 mil pessoas e duas quermesses anuais, sendo uma
em julho e outra em outubro.
“Por trás de tudo isso existe a força de Nossa Senhora
Aparecida. Eu não acreditava que a gente gastava R$ 400 mil, R$ 500 mil em um
ano. Eu me questionava: de onde está vindo esse dinheiro? Mas, as coisas
aconteciam, surgiam doações, era realmente milagre”, diz.
Expansão
A igreja estima que ao menos R$ 4 milhões foram investidos
na construção do templo. Mas, ainda é necessário cerca de R$ 1 milhão para
acabamento, reforma do forro e da cúpula, que já apresenta goteira, e compra de
mobiliário novo.
“Temos três salas de catequese, mas tive que barrar as
crianças, não abrir novas turmas, porque não temos onde colocar tanta gente.
Estamos na capacidade máxima. Graças a Deus, é um bom problema. Quem pensou que
a igreja fosse crescer tanto em tão pouco tempo?”, diz o padre.
Em dezembro, a igreja receberá o título de paróquia, mas os
devotos querem que o templo seja reconhecido como santuário, designação que
pode ser dada pela própria Diocese de Barretos, ou pela basílica, em Aparecida.
Capela de Nossa Senhora Aparecida permanece nos fundos da
minibasílica em Barretos (SP)
“Quando eu cheguei há três anos, tínhamos uma missa com 150,
200 pessoas. Agora, graças a Deus, as missas têm 1 mil, 1,1 mil pessoas. Quando
temos o Cerco de Jericó ou a Festa da Padroeira, recebemos 2,5 mil, 3 mil,
fazemos missa campal”, conta Pedott.
A minibasílica também foi inserida no roteiro turístico de
Barretos. Segundo o padre, mais do que títulos, o maior reconhecimento da
igreja católica é o aumento no número de fieis e os milagres relatados por cada
um deles.
“O grande milagre que está acontecendo, que é inegável, é a
grande quantidade de pessoas que nos visitam, que participam das missas, que
vêm se confessar, rezar. As pessoas vêm porque sentem um contato com Deus, com
a virgem Maria”, finaliza.
Fonte: Por Adriano Oliveira, G1 Ribeirão Preto e Franca
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