Conheça um pouco a história da propriedade privada e do
mercado imobiliário
Considerando apenas o Brasil, para não alongar o artigo, a
propriedade privada passou por muitas transformações, sendo que, durante muitos
anos, foi algo restrito a uma pequena minoria.
No século XX, com o aumento da migração das áreas rurais
para as áreas urbanas, foi necessário o advento de diversas leis para
regulamentar o mercado imobiliário de forma a atender a crescente demanda.
Uma dessas leis é a lei de condomínio e incorporações, que possibilitou
a construção de prédios de apartamentos, para sanear o déficit habitacional das
grandes cidades.
Em face da importância da propriedade privada para a
dignidade das pessoas, bem como, pela dificuldade de conseguir financiamento
para as classes menos favorecidas, ou classe de renda baixa, o governo criou
programas de incentivo para possibilitar a compra da casa própria. Inicialmente
com o BNH na década de 1970 e, posteriormente, com o Programa Minha Casa Minha
Vida em 2009.
Em 1994, através da aprovação do Plano Real e implantação da
URV, foi conferida estabilidade econômica que proporcionou um cenário propício
para financiamentos imobiliários. Posteriormente a isso, foram promulgadas
diversas Leis sobre garantias e sobre financiamentos para fomentar o mercado
imobiliário e, com isso, diminuir o déficit habitacional do Brasil.
A Lei que criou a garantia através da alienação fiduciária,
ultrapassando a antiga e lenta Hipoteca, diminuiu o risco para os agentes
financeiros (Bancos) voltarem a financiar tanto as obras quanto aos
compradores.
A abertura de financiamento pelos Bancos possibilitou a
efetivação da demanda que estava reprimida, (havia demanda mas não havia
condições das pessoas comprarem os imóveis), culminando com uma implosão de
novos incorporadores sedentos pela nova demanda do mercado imobiliário.
O preço dos imóveis começou a disparar, fato que acabou
trazendo para o mercado muitos especuladores que compravam o imóvel no
lançamento para vender posteriormente e, assim, obter lucro.
O mercado imobiliário teve um amplo crescimento fomentado
pelo financiamento dos Bancos, por investidores internacionais e por
especuladores, até que, no ano de 2010, quando a renda da população chegou a um
limite que impossibilitava novos financiamentos, iniciou-se uma trava na
demanda efetiva que culminou em uma crise no setor, provocando atrasos nas
obras, enorme volume de distratos, principalmente dos especuladores que não
conseguiam mais vender os imóveis que haviam comprado, desemprego no setor e, situações
de insolvência de incorporadoras que acabaram por pedir recuperação judicial ou
falência.
Atualmente, o mercado imobiliário continua engatinhando,
procurando oxigênio nos imóveis de baixa renda, subsidiados pelo programa minha
casa minha vida, o qual objetiva diminuir o déficit habitacional do País e, com
isso, garantir o direito à propriedade privada para os cidadãos.
O mercado imobiliário tem alta complexidade, fato que
dificulta e diminui as transações em momentos de crise.
Fonte: Fernando Noruiti, Advogado, Corretor de Imóveis, Perito Avaliador, Professor e
Parecerista
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