Projeto bem-executado e escolha de materiais específicos são
etapas importantes para minimizar os riscos aos usuários
O projeto da reforma de um banheiro pode surgir tanto do
desejo de atualizar o design do ambiente quanto da necessidade da correção de
eventuais patologias e vícios aparentes identificados. Alguns danos muito
comuns nestes espaços são o bolor, decorrente da umidade excessiva ou de
problemas no sistema hidráulico ou sanitário da construção; o destacamento de
placas cerâmicas, que ocorre devido à falha na impermeabilização, na forma e/ou
nos materiais utilizados no assentamento; além de questões relacionadas a
interfaces mal-executadas, como no caso de trincas em forros.
“Ao contrário do que se pensa de forma generalizada, as
reformas podem ser fruto não apenas de problemas, mas de manutenções que
denominamos como preventivas: aquelas que minimamente deveriam ser realizadas
para manter ou prolongar a vida útil dos sistemas e subsistemas construtivos
que compõem um banheiro”, explica a professora Larissa Regina de Oliveira,
coordenadora do curso de Engenharia Civil da Uninove.
E para que esta reforma seja realizada da maneira mais
correta, é necessário seguir algumas etapas e tomar uma série de cuidados,
assim como garantir que todos os produtos utilizados sejam de qualidade e
específicos para a obra em banheiros. “A parte financeira é importante, porém,
avaliar e determinar um produto única e exclusivamente pelo fator custo pode
resultar em futuros problemas e vir a onerar o custo da obra de uma forma geral
a médio e longo prazo”, alerta Larissa.
Planejamento da reforma
O primeiro passo para a reforma de um banheiro é a
elaboração de um projeto, que deve estar relacionado a todas as etapas
executivas da obra. “Um projeto bem-detalhado auxilia a dirimir quaisquer
dúvidas técnicas do proprietário e também do executor, evitando os ajustes de
obra e decisões tomadas sem um planejamento técnico adequado e coerente ao
escopo desta reforma”.
Outra preocupação inicial deve ser analisar as plantas e
projetos técnicos da construção. Esse tipo de precaução é importante, pois, se
houver a necessidade de perfurar ou escarear alguma alvenaria na qual estejam
embutidas instalações hidrossanitárias, deve-se ter cautela para não romper as
respectivas tubulações e interferir negativamente nestes sistemas.
De acordo com Larissa, além de um projeto balizador, é
fundamental que essas reformas também sejam sempre realizadas com
acompanhamento técnico adequado. “No caso de uma reforma que contemple o escopo
de aumento de um chuveiro, por exemplo, e/ou alteração de pontos de esgoto,
este processo requer o acompanhamento técnico de profissionais habilitados”,
ressalta.
Revestimentos e argamassas
Quando bem-definido, um projeto contempla também as
especificações dos produtos finais com base nas premissas da reforma,
facilitando a compra dos materiais corretos. No caso dos banheiros, é sempre
importante atentar-se às argamassas específicas para impermeabilização e as
específicas para assentamento. “Uma impermeabilização mal-executada, seja por
problemas de materiais mal-definidos e/ou de mão-de-obra, pode, em um futuro
não tão distante, ocasionar problemas nos revestimentos e demais sistemas e
subsistemas construtivos de um banheiro, levando à necessidade de uma nova
reforma inesperada”, conta a professora.
Revestimento:
A escolha dos revestimentos cerâmicos de piso de banheiro
deve levar em consideração o fator umidade e a alta possibilidade de
“escorregamento”, se comparado a outros ambientes. Por isso, é necessário
observar características ligadas à aderência, denominada como PEI (índice
ligado ao atrito). Os rejuntes também têm suas parcelas técnicas adequadas aos
ambientes e sua espessura (juntas) depende ainda do tamanho e tipologia de
revestimento de piso empregado nos ambientes. “Portanto, devem ser escolhidos
com critérios técnicos”.
Quanto ao revestimento, é ainda preciso estar atento às suas
dimensões, para permitir que haja um melhor aproveitamento em relação à planta
do local. É também importante considerar que os revestimentos cerâmicos
comprados sejam do mesmo lote, já que utilizar revestimentos de lotes
diferentes pode resultar em cores diferenciadas entre si e em um resultado
final não tão harmônico.
Comprar e manter um estoque adicional para manutenções
futuras (sejam preventivas ou corretivas) também é um bom negócio para ter um
controle técnico deste material, caso seja necessária alguma tratativa junto ao
fabricante.
Argamassas:
No que se refere ao assentamento, é muito importante
verificar se o revestimento cerâmico a ser aplicado trata-se de porcelanato,
cerâmicas ou mármores, pois existem especificidades também nas argamassas de
assentamento para cada tipologia de revestimento a ser aplicada. “Inicialmente,
durante a aplicação, pode parecer que os produtos possuem as mesmas
características e finalidades, no entanto, ao longo do tempo, o resultado
fatalmente não será o que o proprietário espera”.
A validade das argamassas, a forma como estão estocadas,
além dos cuidados com o transporte e o armazenamento dos produtos na obra são
outros fatores que merecem atenção. “Os fabricantes mais renomados no Brasil
normalmente colocam as informações técnicas relevantes em suas embalagens,
assim como deixam claro a data de validade e fabricação, seguindo o preconizado
pelas normalizações técnicas brasileiras, auxiliando os profissionais da área
de engenharia assim como o público em geral para eventuais dúvidas e tomada de
alguma decisão”, afirma Larissa. Ainda no caso de alguma dúvida mais
específica, alguns fabricantes disponibilizam em seus sites as fichas técnicas
de seus materiais, que contemplam algumas informações adicionais as que constam
nas embalagens, além dos cuidados adicionais e detalhados para a aplicação em
si.
Riscos e cuidados
Os riscos de uma reforma de banheiro mal-executada são
inúmeros e não envolvem apenas a parte estética em si, como inclusive questões
de segurança aos usuários. Uma especificação equivocada da cerâmica do piso
pode, por exemplo, expor a quedas. Um desplacamento cerâmico, por sua vez, pode
resultar não só em problemas de custos, mas também gerar trincas e,
consequentemente, o perigo de cortes.
Sobre a padronização dos critérios para reformas, Larissa
lembra que existe uma norma técnica da ABNT específica para a reforma em
edificações, a NBR 16280. “Desde 2015, [a norma] preconiza de forma mais
explícita os requisitos e critérios de reformas no que tange ao projeto e
acompanhamento destas (mesmo das residenciais) por profissionais técnicos
habilitados para tal”, completa.
Fonte: Lucas Rodrigues / Mapa da Obra