Entrevista com Marcos do Val, consultor da Swat norte-americana
O que deve ser priorizado na
segurança dos condomínios?
Oque tem que ser priorizado é: a
capacitação dos profissionais, bons equipamentos de vigilância e terceiro, com
uma parcela mais forte, a participação dos próprios condôminos. A gente percebe
que nenhum está preocupado com a segurança do outro. Então são indisciplinados
na hora que entram pela porta principal, ou pela garagem, não verificam pelo
retrovisor se tem alguém atrás. Então o morador é um grande responsável tanto
pela segurança quanto pela insegurança. Aí vem a contribuição dos seguranças de
condomínio, até mesmo os porteiros com treinamento para agir em casos extremos.
E aí vem a contribuição dos agentes de segurança, porteiros e depois dos
equipamentos de segurança. Então para mim o que tem que ser priorizado é a
conscientização dos condôminos. A minha experiência nos EUA eu vejo a
contribuição da comunidade na busca pela segurança de seu bairro, fazendo suas
rondas particulares para garantir a segurança da comunidade, não esperando a
ação de policiais para fazerem isso, e contribuem com o máximo que podem. Essa
é a primeira mensagem que eu passo nas palestras, da importância da
participação de cada um.
Como é o seu trabalho junto a
Swat americana? Atua em cursos em que áreas?
Meu trabalho começou em 2000,
quando apresentei um trabalho para a SWAT de Dallas depois de ver um policial
tendo que tirar a vida de um suspeito porque ele não conseguiu dominá-lo para
algemar. Desenvolvi uma técnica em cima disso e apresentei para a SWAT de
Dallas que inicialmente rejeitou. Mas quando eu mostrei o trabalho in loco eles
ficaram impressionados e o presidente da associação da Swat dos Estados Unidos
então me convidou para ser instrutor das Swats, são várias unidades lá, dessa
técnica que eu denominei de “imobilização estática”. É uma técnica de
aproximação, abordagem, segurança com arma, uso progressivo da força,
minimizando a utilização da arma de fogo e valorizando a preservação da vida
que é o foco principal. Comecei a instruir desde 2000, depois em 2003 ao
participar de uma ação da Swat como observador aconteceu um incidente a qual um
policial foi reconhecido durante uma operação em que o policial estava
infiltrado entre os traficantes para comprar droga para comprovar a ação
ilícita. O policial foi reconhecido, agredido e durante esse período e a SWAT
foi acionada. Acabou que um dos traficantes conseguiu sair da casa, fugiu da
residência e deu de frente comigo que estava do outro lado da rua observando a
Swat, então eu entrei em combate com ele, algemei, dominei e depois desse dia o
comandante da Swat, na época Patrick O'Quinn, me concedeu o título de membro
honorário da Swat em uma lei americana que diz que quando você não tem um
profissional especialista na unidade policial ou da SWAT e você precisa dessas
habilidades você pode convocar essa pessoa e ela passa a ser um policial
durante as operações. Então com esse título eu trabalhei dentro da SWAT de 2003
a 2008 e foi o período em que eu morei nos EUA, mas voltei ao Brasil por conta
da minha filha que teve que voltar ao Brasil e vim para cá para ficar perto
dela, mas continuo dando aulas para a Swat através dessa associação, no período
de 2 a 3 meses estou sempre nos EUA mantendo o meu trabalho e minhas aulas e
dando atualizações e cursos.
O que contribui para aumentar a
sensação de segurança da população?
No Brasil, a gente tem essa
sensação de segurança quando vemos policiais fardados na rua. Em outros países
a sensação de segurança vem através das estatísticas que o índice permanece
estável ou está em ato decrescente. Então a gente consegue entender que essa
sensação de segurança do brasileiro, de ter mais policiais na rua, é algo
inatingível porque não vamos conseguir ter nunca 1 policial para cada cidadão
brasileiro. Então eu vejo assim: o que a gente pode fazer para aumentar essa
sensação de segurança é aumentar a punição evitando a impunidade que a gente
percebe um índice muito alto de crimes por causa dessa impunidade e quanto mais
se divulga essa impunidade mais pessoas começam a cometer o crime e a gente
conversando com os policiais brasileiros há uma sensação muito grande de
enxugar gelo, prender, soltar, prender soltar, tem policiais que já prenderam
mais de 30 vezes a mesma pessoa. Causa uma desmotivação muito grande. Então
acho que a legislação tem que ser mais rígida, os processos têm que ser com um
nível ainda mais apurado para que o judiciário não observe falhas e conceda
liberdades, com foco no cumprimento da penalidade e aumentar mais presídios se
for o caso para que as pessoas entendem que se cometerem crimes elas irão
punidas. Quando isso começar a acontecer no Brasil, assim como a legislação
começou a ser muito rígida para quem bebe e dirige, eu acho que tem que ser
para os outros crimes para que haja essa intimidação, esse freio no crime, já
que o estatuto do desarmamento foi uma falácia, tinha uma sensação que se
tirasse a arma da população o crime diminuiria e isso não aconteceu, muito pelo
contrário, acabou tirando a arma do cidadão do bem, aquele que quer se proteger
e proteger a família. Ficou só os bandidos e criminosos armados no país. Então
eles ganharam muito poder, muita autoconfiança de que eles estão hoje sozinhos,
armados e ainda sabendo que a legislação é muito falha e com muitas brechas e
que não vai haver punição nenhuma. Então acho que para aumentar essa sensação
de segurança nós temos que eleger bons deputados federais, bons senadores nas
próximas eleições para que possam mudar essa legislação e a gente começar a ter
um país mais rígido nisso.
A gente tem que tirar essa ideia de que é o excluído
da sociedade que comete crimes, isso é uma mentira e uma utopia. A gente tem os
Estados Unidos onde tem escola para todo mundo, tem trabalho para todo mundo e
tem a maior população carcerária do planeta, então tem que se derrubar esse
conceito de que excluído da sociedade são criminosos. Isso é mentira. A grande
maioria dos chamados excluídos da sociedade são pessoas honestas e
trabalhadoras, e merecem oportunidades. Temos que fazer um código penal em cima
de quem tem prazer em fazer crime, que tem isso em seu DNA.
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