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quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Construtoras usarão captação na Bolsa para crescer este ano

Ofertas já listadas em Bolsa pretendem arrecadar R$ 1,27 bilhão (PDG) e R$ 339 milhões (Inpar)

O setor de construção civil começa a sinalizar crescimento forte em 2010 e já domina as primeiras ofertas de ações na Bolsa. Das quatro marcadas para os próximos dias, duas são de companhias do setor: PDG Realty e Inpar (incorporadoras), acompanhadas de Aliansce (shopping centers) e Multiplus (controlada da TAM). Segundo a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), há 14 ofertas em análise, das quais sete são IPOs.

O IPO (oferta inicial de ações, na sigla em inglês) da administradora de shopping centers, cujo período de reservas terminou ontem, será o primeiro do ano e pode atingir a cifra de R$ 1,15 bilhão - caso seja obtido o preço de R$ 13 por ação. No mesmo dia a Multiplus abriu o período de reservas, que vai até o dia 3 de fevereiro, e pode arrecadar R$ 1,27 bilhão, se exercidos os lotes suplementar e adicional. O preço do papel é definido no dia seguinte ao encerramento do período de reservas.

As ofertas das incorporadoras, já listadas em Bolsa, cujo período de reservas termina no início de fevereiro, pretendem arrecadar R$ 1,27 bilhão (PDG) e R$ 339 milhões (Inpar), considerados os valores dos papéis no pregão de ontem. Com o dinheiro, as empresas podem investir em novos projetos, mas a finalidade, segundo analistas da Brava Investimentos, é obter fluxo de caixa.

"Elas [incorporadoras] têm uma contabilização diferente de outros setores da economia. Usam dinheiro à vista para adquirir terrenos, aplainá-los, pré-vendas e vem o dinheiro bem depois. É um fluxo de caixa descasado", afirma, ressaltando que o tempo médio de maturação de um empreendimento - recuperação do valor investido -, no caso das grandes, é de quase três anos.

Segundo a equipe, companhias do setor de construção civil devem vir ainda com mais frequência à Bolsa, caso o Ibovespa volte a operar acima dos 70 mil pontos. "Acima dos 60 mil pontos o cenário ainda é atrativo, mas é melhor acima dos 70 mil", diz, sem dar projeções para o número de ofertas do setor neste ano.

A espera se pontua pelo índice Bovespa porque essas empresas são muito sensíveis ao indicador e, logo, com a queda da Bolsa, caem também os preços dos papéis, e a capitalização tende a não render tanto, explica a corretora. Encerrada a queda livre da Bolsa - que caiu ontem pelo quarto dia seguido, aos 65.523 pontos -, os gigantes do mercado devem emitir mais ações.

"Os principais players do mercado (Gafisa, Cyrella, Brookfield e Agre, da fusão entre Klabin Segall, Abyara e Agra) ainda podem esperar. Eles tiveram muita realização de lucros com a retomada do Ibovespa no ano passado."

O movimento será acentuado, diz a corretora, pela corrida contra o déficit habitacional, embalada pelo programa "Minha Casa Minha Vida", do governo federal. "A maioria dos grandes players está nesse mercado e quem não está quer entrar. Só a Caixa Econômica Federal deu crédito de R$ 50 bilhões no ano passado [para empresas e consumidores]."

Apesar da possibilidade de crédito junto a bancos e de outras formas de captação, a equipe de analistas diz ser pouco provável que as incorporadoras busquem alternativas às ofertas de ações, principalmente porque os juros no mercado são altos, principalmente para esse tipo de empresa.

"Sem a possibilidade de recorrer a Bolsa, uma alternativa seria a emissão de debêntures, porque a classificação de risco das companhias está bem avaliada. Os bancos seriam a última opção."

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