Um ambiente eficientemente climatizado, com baixo consumo de energia, começa nos projetos de arquitetura e engenharia. Em um país com alto grau de insolação, como o Brasil, as soluções vão desde a distribuição cardinal adequada de cômodos e janelas, para que determinados ambientes, como salas de estar e de reunião, não recebam o sol da tarde, até o emprego de materiais que reduzem a absorção de calor, como vidros especiais, e a instalação de sistemas inteligentes e automatizados de climatização e refrigeração.
"Os ambientes de permanência prolongada não podem ser voltados para o poente, só aqueles de curta permanência, como banheiro, área de serviço, cozinha, escadas, hall de serviço e de acesso", diz o arquiteto Thales de Azevedo, da baiana Prodenge - Projetos de Engenharia de Instalações. Quando isso não é possível, pode-se fazer uma proteção passiva para sombrear a fachada, como brises (do francês brise-soleil, quebra-sol), painéis na forma de lâminas colocados nas aberturas dos edifícios para reduzir a incidência direta dos raios do sol.
Outra solução, segundo Azevedo, é a construção da parede com blocos vazados preenchidos com flocos de isopor. "O material isolante diminui a transmitância térmica, melhorando o conforto térmico do ambiente, para que não se tenha que utilizar tanto o ar-condicionado", diz o arquiteto. Segundo ele, a técnica proporciona redução de 20% da carga térmica da parede voltada para o poente.
O uso de vidros de controle solar também ajuda a afastar o calor. O ClimaGuard, da Guardian, fabricante mundial de vidros e espelhos, chega a reduzir em até 64% a entrada de calor, proporcionando economia de energia, especialmente em imóveis voltados para o poente, de 35 kWh por metro quadrado de janela, segundo Lamartiny Gomes, gerente de produtos residenciais da empresa.
Fabricado em quatro espessuras diferentes e quatro opções de cor, o produto é composto por uma camada de metais nobres, como prata e zircônio, que filtra os raios ultravioletas e infravermelhos e contribui para o controle da luminosidade excessiva.
"A especificação do vidro adequado é fundamental para que o consumo de ar-condicionado não pese muito", diz o arquiteto Afonso Walace, diretor da mineira Dávila Arquitetura, que utilizou vidros refletivos da Guardian no edifício Ômega, em Brasília. O projeto conta também com recurso que favorece a ventilação cruzada.
Os sistemas de ar-condicionado também evoluíram e permitem menor consumo de energia, com funcionamento automatizado. Além de novas edificações, que já nascem com sistemas inteligentes de iluminação e climatização, os novos equipamentos são utilizados também em reformas para tornar prédios antigos mais eficientes e sustentáveis. Segundo Ademar Liza, diretor de refrigeração da Johnson Controls Building Efficiency, a economia de energia depende do grau de intervenção que o cliente se dispõe a fazer. "Você pode trocar o equipamento de ar-condicionado por sistemas mais modernos que consomem menos energia, automatizar esse sistema e depois automatizar a própria rede de energia", explica.
Fonte: Valor Econômico, por Gleise de Castro
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