Independentemente do enfoque pelo qual seja analisado, o
certo é que o setor hoteleiro brasileiro projeta uma verdadeira revolução em
seu posicionamento como indústria de hospitalidade na próxima década. A
participação dos brasileiros no crescimento do setor será fundamental em todos os
sentidos, seja como investidores, seja como usuários, ou ambos.
Outro dia, resgatei um trabalho feito pelo Fórum de
Operadores Hoteleiros do Brasil e pela Hotel Invest em dezembro de 2012 chamado
"Estudo Placar Hoteleiro". O estudo projetava a atividade nas cidades
sedes da Copa do Mundo do Brasil em 2014, a taxa de ocupação dos hotéis e o crescimento
da demanda e da oferta esperado entre 2012 e 2015 e comparava os preços das
diárias hoteleiras para o período anterior e durante as duas copas do mundo
anteriores à do Brasil - Alemanha e África do Sul.
Com base nesse interessante material, considerando o
crescimento médio anual projetado para o período 12-15 nas cidades do Rio de
Janeiro e São Paulo e projetando esse mesmo crescimento anual médio para os dez
anos seguintes, teremos como resultado uma oferta anual necessária de aproximados
4 mil novas unidades hoteleiras para nivelar a taxa de ocupação em média anual
de 70% no período.
No módulo hoteleiro atual, que tem por base um volume de
unidades próximo de 160 por hotel, seriam necessários investimentos que
colocassem de pé nas duas cidades 24 hotéis novos todos os anos para um
nivelamento de ocupação da ordem de 70%.
A demanda doméstica pode - e vai! - variar ao sabor do
crescimento econômico que for verificado nos próximos anos. É sempre importante
lembrar que é o turista brasileiro que vem liderando o chamado turismo de
negócios.
Já a demanda internacional, essa vem crescendo em níveis
constantes, e a tendência é passarmos por um período de maior aceleração por
dois motivos fundamentais:
(i)
o sucesso da receptividade dos estrangeiros
durante a copa do mundo de 2014, e muito provável a repetição do nível de satisfação
durante os jogos olímpicos de 2016;
(ii)
o crescimento da atividade de exploração de óleo
e gás, relacionado com a recuperação, embora lenta e gradual, dos índices de
crescimento da economia internacional.
O Estado da Flórida - US vem recebendo aproximadamente 90
milhões de turistas por ano, grande parte, pelo menos a metade desse volume,
devido aos parques temáticos Disney. O Brasil deve receber em 2014 algo próximo
de 6 milhões de turistas internacionais, ou seja, pouco menos de 7% do que todo
o estado da Flórida.
Mas não é só na base de hotéis econômicos que a hotelaria
funciona no Brasil. Considerando que apenas um terço da oferta hoteleira está
ligada a redes hoteleiras internacionais, responsáveis pela maior parte das
reservas de turistas estrangeiros, apenas 13% da oferta de quartos em São
Paulo, e apenas 25% da oferta de quartos no Rio de Janeiro, são considerados
como hotéis de Luxo para padrões brasileiros. Para os padrões internacionais,
esses números são ainda menores.
Independentemente do enfoque pelo qual seja analisado, o
certo é que o setor hoteleiro brasileiro projeta uma verdadeira revolução em
seu posicionamento como indústria de hospitalidade na próxima década. A
participação dos brasileiros no crescimento do setor será fundamental em todos os
sentidos, seja como investidores, seja como usuários, ou ambos.
Fonte: Paulo Fabbriani
Nenhum comentário:
Postar um comentário