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segunda-feira, 20 de abril de 2009

Sistema viabiliza gerenciamento móvel em obras

Um sistema para gerenciamento na Construção Civil será mais eficiente se tiver mobilidade e permitir a coleta de dados no canteiro de obras. Ao mesmo tempo, deve ter capacidade de atualização sincronizada automática com um sistema central. Deve ser capaz de interagir com os softwares mais comuns de planejamento e controle e ainda apresentar uma interface gráfica de fácil compreensão, adequada à cultura de engenheiros e mestres de obras.

Estes requisitos foram levados em conta no projeto de desenvolvimento do Sistema Integrado de Gerenciamento Móvel em Obras (SIGMO). A concepção da versão piloto do sistema foi financiada pelo Programa de Tecnologia de Habitação (Habitare/FINEP). O objetivo foi a concepção de um programa para gerenciamento de serviços na Construção Civil, compatível com microcomputador do tipo PDA (Personal Digital Assistant) - sigla que significa assistente digital pessoal. O desafio dos estudos nesta área é atender à demanda de uma ferramenta capaz de suprir os sistemas de controle das empresas com os dados primários do canteiro, sem exigir um treinamento especializado de seus operadores. "A meta é maior precisão no acompanhamento dos serviços e a retroalimentação dos setores de planejamento e controle", explica o professor Jano Moreira de Souza, chefe da Linha de Banco de Dados, do Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), coordenador do projeto Habitare.

Segundo ele, a pesquisa levou em conta que a Construção Civil, em particular do subsetor Edificações, tem dificuldades para implantar sistemas de gestão mais eficientes. Há ainda uma oferta restrita de sistemas informatizados. Artigo que descreve o desenvolvimento do projeto, assinado também pelo professor Sérgio Roberto Leusin Amorim, da Universidade Federal Fluminense, avalia que os programas disponíveis são em grande parte importados, em geral sem tradução ou aptação aos parâmetros brasileiros. Ou então são produzidos por pequenas empresas, sob demanda de algumas construtoras, resultando em um produto com características específicas, o que dificulta a troca de dados com outros sistemas. "A lacuna de ferramentas adequadas tem provocado a falta de integração técnica ao longo da cadeia de produção do edifício, aspecto apontado como o principal problema das construções", ressalta o trabalho disponível para leitura integral na Coletânea Habitare.

Indústria do protótipo
De acordo com o artigo, uma maior integração técnica como um meio para obter ganhos de eficiência da construção exige o desenvolvimento de "sistemas poderosos" . Ao mesmo tempo, flexíveis para acompanhar a variabilidade de situações que ocorrem nas edificações. "A indústria da construção é também a "indústria de protótipo", e as condições de produção precisam acompanhar as diferenças dos projetos, seus diferentes executores e relações contratuais", avaliam os autores.

Outro aspecto considerado na concepção do sistema foi a mobilidade dos canteiros e frentes de trabalho. Supervisores, engenheiros e mestres de obras costumam deslocar-se entre diferentes canteiros, às vezes distantes entre si. Dentro de um mesmo canteiro as equipes distribuem-se em locais diferentes, exigindo constantes deslocamentos para inspeção e controle. "A idéia do ´assistente digital´ leva em conta também a necessidade aumentar a documentação escrita, processo que esbarra na cultura predominante no setor, tradicionalmente refratário ao excesso de burocracia, na verdade um reflexo da pouca qualificação do pessoal", destaca o artigo. O denvolvimento dos microcomputadores portáteis, "de mão" (handheld computers) está abrindo novas possibilidades para os trabalhos neste campo. Entre as possibilidades se destacam os equipamentos baseados na interação a partir da tela gráfica, por toques de uma caneta em ícones e símbolos gráficos. Entre as expectativas da proposta está o fato de que a operação desses aparelhos seja intuitiva e acessível a pessoas resistentes a outros modos de documentação.

Necessidades
Como a pesquisa aplicada buscou o desenvolvimento de um produto final adaptado às condições da construção civil e com potencial mercadológico, a base de seu desenvolvimento foi a realidade dos usuários potenciais. O levantamento de necessidades foi realizado com a participação do quadro técnico de empresas que colaboram com o projeto, como a RJZ Engenharia Ltda., a Servenco S.A. e a Incasa Construções Ltda. Foram também estudados os sistemas de gerenciamento referenciados na bibliografia em geral.

A versão beta do sistema proposto foi baseado em um programa com características bastante similares chamado TASKER, desenvolvido pela COPPE para uso por equipes de desenvolvimento e pesquisa. O projeto de pesquisa financiado pelo Programa Habitare permitiu que o sistema fosse parcialmente adaptado para as condições da Construção Civil e para uso nos PDAs. Para isso foram desenvolvidos os programas para instalação em PDAs e as interfaces entre estes e microcomputadores comuns, em que a versão "CIVIL" do TASKER está instalada. Além disso, foram desenvolvidas ferramentas para exportação e importação de dados dos sistemas de planejamento, por meio de arquivos-texto ou outras abordagens.

O projeto está integrado à linha de trabalhos em interoperabilidade de sistemas heterogêneos, em particular bancos de dados com modelos de dados heterogêneos e em diferentes plataformas, desenvolvida pelo Programa de Engenharia de Sistemas e Computação (COPPE - Sistemas) da UFRJ. O projeto contou também com a colaboração do Curso de Pós-Graduação em Engenharia Civil da UFF, que vem desenvolvendo diversas pesquisas na área de Gestão da Construção.

O projeto chegou ao desenvolvimento de um piloto do sistema. De acordo com o grupo, essa versão comprova a viabilidade do modelo proposto. O aprimoramento e a formatação comercial do produto são desafios para implementação da proposta.
Mais informações sobre o projeto:
Sérgio Roberto Leusin de Amorim
Professor
Universidade Federal Fluminense - UFF
21 620 7070 r231

Jano Moreira de Souza
Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ
(21) 290-4698

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