O síndico é figura importante no condomínio,
motivo pelo qual possui diversas responsabilidades. O objetivo deste artigo,
portanto, é expor de maneira clara, descritiva e sistemática quais suas
principais obrigações.
Cumpre destacar que o presente artigo se
baseia nas obrigações do síndico decorrentes da lei. Em cada condomínio, o
síndico poderá ter outras obrigações específicas previstas na Convenção de
Condomínio.
Principais responsabilidades do síndico
Inicialmente, frisa-se que o síndico é o
responsável pela administração do condomínio, juntamente com os subsíndicos e
os conselheiros, podendo praticar todos os atos que reputar necessário para uma
correta administração.
As atribuições do síndico estão previstas no
art. 1.348 do Código Civil e, a fim de facilitar e simplificar a compreensão
das principais funções do síndico, estas foram agrupadas nas seguintes
categorias:
REPRESENTAÇÃO: O síndico representa o
condomínio judicial e extrajudicialmente, inclusive podendo contratar advogado,
seja para tratar problemas de inadimplência de um condômino ou outros motivos –
como alguém movendo uma ação contra o condomínio. Mas é sempre importante cotar
diferentes profissionais para que se possa justificar e ratificar a despesa em
futura assembleia.
FUNÇÕES FINANCEIRAS: O síndico registra toda
a atividade contábil e financeira do condomínio, elabora o orçamento, apresenta
a prestação de contas, cuida da arrecadação das taxas condominiais, efetua o
pagamento das despesas e movimenta as contas bancárias do condomínio.
GERENCIAMENTO DE PESSOAL: O síndico gerencia
a atividade dos subsíndicos (caso haja), delegando funções, bem como a função
dos empregados e dos prestadores de serviços (definindo funções, remuneração,
admissão e dispensa).
GERENCIAMENTO DE OBRAS, DESPESAS E
FISCALIZAÇÃO: O síndico gerencia as obras e compras necessárias ao condomínio,
zela pela sustentabilidade do condomínio, exigindo o cumprimento das regras
ambientais (especialmente a coleta de lixo) e gerencia e fiscaliza o
cumprimento das normas para acesso ao condomínio.
FUNÇÕES INTERNAS: O síndico é responsável por
convocar assembleias gerais, prestar informações aos condôminos sempre que
solicitado, responsabilizar-se pelo seguro obrigatório e resolver os casos
omissos na Convenção.
APLICAÇÃO DE PENALIDADES: O síndico, quando
verifica a existência de infração à convenção, deve aplicar a penalidade
cabível.
Em suma, o síndico deverá observar todas as
regras previstas na convenção que rege o condomínio, bem como o regimento
interno, haja vista que estas são as normas que disciplinam sua atividade e
apresentam os detalhes acerca das funções acima mencionadas. Além de cumprir
tais estatutos, deve zelar para que os condôminos, visitantes, empregados e
terceiros respeitem as normas internas do condomínio.
O síndico poderá ter o auxílio dos
subsíndicos e dos conselheiros fiscais, consultivos, podendo delegar funções
pertinentes a cada um, de modo a não sobrecarregar suas atividades.
Ademais, o síndico pode propor a contratação
pessoa física ou jurídica para lhe assessorar na gestão condominial, caso
entenda necessário, a fim de conferir maior qualidade aos serviços prestados,
ou caso não esteja sendo possível suprir toda a demanda de trabalho do
condomínio.
Por fim, as obrigações contraídas pelo
síndico ou subsíndicos, desde que assumidas e exercidas no exercício regular de
suas funções e nos limites impostos pela Lei e pela Convenção, não os obrigam
pessoalmente.
Eventuais consequências jurídicas negativas
Na hipótese de descumprimento de quaisquer
dos seus deveres de administrador do condomínio, previstas no artigo 1.348 do
Código Civil e nos instrumentos de constituição do condomínio, o síndico poderá
ser responsabilizado pessoalmente, tanto civil quanto penalmente.
No caso de o síndico cometer irregularidades,
como, por exemplo, não prestar contas, ou não administrar convenientemente o
condomínio, poderá ser destituído em assembleia pelo voto da maioria absoluta
de seus membros, nos termos do artigo 1.349 do Código Civil, sem prejuízo da
reparação civil e penal.
No tocante à responsabilização pessoal do
síndico, os principais fatores estão ligados à administração das áreas comuns
existentes (playground, piscinas, elevadores, garagens, estacionamentos, etc.),
a gestão de funcionários (contratados ou terceirizados) e das finanças (gestão
financeira, tributária e prestação de contas), bem como a realização de obras
no condomínio e cobranças em geral (em especial a taxa condominial).
Na administração das áreas comuns e das obras
a serem realizadas, o síndico deverá analisar com cautela a situação financeira
e jurídica dos prestadores de serviços (manutenção, vigilância, limpeza,
porteiros, entre outros), haja vista que uma má escolha pode resultar na
responsabilização civil (art. 186 e 927 do Código Civil).
Quanto à administração fiscal, é obrigatória
a comprovação de qual foi a destinação dos valores administrados, pois, caso
contrário, haverá o dever do sindico de ressarcir o condomínio (artigos 186 e
927 do Código Civil). Nessa seara, se houver apropriação de quaisquer valores
ou verbas previdenciárias de funcionários do condomínio, o síndico responderá
pelos crimes de apropriação indébita do artigo 168 e apropriação indébita previdenciária
do 168-A do Código Penal, cuja pena pode ser de 1 (um) até 5 (cinco) anos de
reclusão.
Além disso, o síndico deve recolher os
impostos incidentes sobre as obrigações do condomínio e exigir notas fiscais
das compras e prestações de serviços contratadas, sob pena de ser
responsabilizado pelos ilícitos tributários, na forma estipulada no Código
Tributário Nacional (artigo 135).
A respeito da gestão de funcionários, é dever
do síndico cumprir a legislação trabalhista, assinar a carteira de trabalho dos
contratados, não impor jornada de trabalho excessiva, efetuar o pagamento de
horas extras, conceder o direito de férias, entre outras, bem como escolher com
cautela uma eventual empresa prestadora de serviços, sob pena de responder
ações trabalhistas e/ou ser responsabilizado civilmente (art. 186 e 927 do
Código Civil).
Por isso, para uma boa administração
financeira e de pessoal, é de suma importância a prestação de contas e a devida
assessoria contábil e de gestão, uma vez que, evitando-se estes problemas, não
haverá consequências negativas.
Por fim, no tocante ao exercício de cobrança,
o síndico não pode colocar o inadimplente em posição vexatória perante ninguém,
tampouco cobrar publicamente e ostensivamente (cartazes afixados na portaria
com o nome do devedor, por exemplo) por meios extralegais, sob pena de ser
responsabilizado criminalmente (artigos 138 a 140 do Código Penal) e civilmente
por danos morais (art. 5º, inciso X, da Constituição Federal).
Orientações gerais
Além dos deveres e responsabilidades
expressamente previstos na lei, na Convenção de Condomínio e no Regimento
Interno, algumas condutas devem ser adotadas na condução da administração do
Condomínio, visando evitar problemas e delimitar responsabilidades.
Inicialmente, cabe frisar a importância da
administração do Condomínio estar sempre com seu cronograma organizado, de modo
a facilitar a tomada de decisões. Para tanto, é necessário um bom planejamento,
com divisões de tarefas e responsabilidades, de modo a facilitar a resolução das
demandas dos condôminos.
As assembleias são momentos cruciais para uma
boa gestão condominial, ocasiões nas quais deverá ser apresentado o plano de
gestão do condomínio e as instâncias disponíveis para resolução dos conflitos.
Ademais, quando a decisão a ser tomada pelo síndico for muito importante e
causar reflexos para todos no Condomínio, é interessante a convocação de
assembleia geral para legitimar as suas escolhas.
Neste ponto, cabe uma ressalva, pois o Código
Civil, em seu art. 1.341, autoriza o síndico a fazer obras e reparações
necessárias independente de autorização do condomínio. Contudo, para evitar
conflitos, aconselha-se, sempre que possível, convocar assembleia para
deliberar sobre o assunto.
Outra prática interessante é a utilização de
murais, cartazes, painéis de avisos, para a publicação das decisões da
administração aos condôminos, de modo a garantir o acesso às informações. Além
disso, é importante que o síndico, juntamente com a administração como um todo,
faça prova de todas as comunicações realizadas, como forma de prevenção.
Na condução da administração, é essencial que
haja a troca de informações entre todos os envolvidos, como forma de melhor
conduzir os trabalhos e facilitar o seu andamento. É por isso que a relação
entre o síndico e os conselhos deve ser próxima, de modo que, mesmo não havendo
exigência na convenção, a tomada de certas decisões pelo síndico seja
ratificada pelo respectivo conselho.
O síndico, por ser também um gestor de
patrimônio alheio, está sujeito à prestação de contas, a qual deve ser feita de
forma detalhada e na periodicidade indicada na Convenção de Condomínio. Todos
os custos e despesas relacionados às atividades do Condomínio devem ser
documentadas, exigindo-se sempre a documentação fiscal.
Por fim, é fundamental que a administração
esteja acessível, e atue dentro dos limites da lei e da convenção, pautando-se
pela ética e, acima de tudo, tome as decisões para o bem de todos os
condôminos.
Fonte: Carreirão & Dal Grande Advocacia
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