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quinta-feira, 4 de abril de 2013

Quem coloca preço nos imóveis da cidade

 
Quem já buscou informações sobre o mercado imobiliário paulistano certamente já esbarrou neste mantra: “Fale com o Pompéia”. É incrível imaginar que numa cidade do tamanho de São Paulo boa parte dos dados sobre lançamentos imobiliários esteja concentrada em uma única figura: Luiz Paulo Pompéia. Pompéia é um dos diretores da Embraesp, Empresa Brasileira de Estudos do Patrimônio, que completa 40 anos de atividade. A companhia é responsável por colocar preço em propriedades difíceis de serem avaliadas. Para isso, tem por princípio não participar da compra nem da venda de nenhuma delas, garantindo assim sua isenção. “Posso até indicar um comprador, mas não quero nem saber se o negócio foi ou não fechado”, diz ele. Por conta dessa postura rígida, a empresa é tida como uma das mais confiáveis do ramo. Entre seus clientes, estão bancos como Bradesco, Itaú, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, shoppings, como os dos grupos Iguatemi e Multiplan, empresas como Metrô, Sabesp, Net, Eletropaulo, Alstom, Alcoa, Votorantim, Klabin e Unilever, além de, é claro, uma penca de companhias do mercado imobiliário.
 
Os laudos são entregues num envelope lacrado, que o cliente só pode abrir depois de ter pago pelo serviço. “Já tomamos muito tombo de gente insatisfeita com os valores que apresentamos”, diz o diretor, que usa a estratégia também para driblar a pressão dos interessados para que se chegue a um ou outro preço. Tudo pode ser avaliado, de coberturas nos Jardins a parques industriais. Quanto mais novo for o imóvel e mais imóveis semelhantes existirem na praça para servir de comparação, mais fácil e barato fica o serviço. Os pareceres mais simples custam 1 500 reais. Outra curiosidade é que o laudo não depende do aval do proprietário do imóvel ou do terreno. Potenciais compradores ou mesmo concorrentes podem encomendar o serviço. “Só não avaliamos o mesmo local num intervalo menor de um ano, para evitar um amontoado de solicitações”, diz Pompéia. A regra cria situações esquisitas, como o de um proprietário encomendar a avaliação de seu imóvel e ouvir um “não” como resposta porque alguém já saiu na frente. “É do jogo. Só dali a um ano poderemos emitir um laudo para ele.”
 
A Embraesp surgiu como um desdobramento da Bolsa de Imóveis do Rio de Janeiro, a primeira avaliadora imobiliária do país, criada em 1939 pelo empresário João Augusto de Mattos Pimenta, que vem a ser avô do diretor da Embraesp. Pimenta, que já era um dos melhores corretores do Rio, decidiu expandir seu ramo de atuação para o de avaliações. O negócio deu certo e em 1967 ele decidiu abrir uma filial paulistana. Para assumir a direção, convidou o amigo de um de seus netos, que apesar da formação em publicidade, parecia a pessoa certa para a função. Era Luís Alvaro de Oliveira Ribeiro, atual presidente do Santos Futebol Clube.
 
Pouco tempo depois, Luiz Antonio Pompeia, que era o tal neto de Pimenta, amigo de Ribeiro e irmão mais velho do atual diretor Luiz Paulo Pompéia, retornou ao Brasil de uma temporada na Inglaterra e se incorporou à empresa. Juntos, consolidaram o negócio criando um amplo banco de dados sobre legislação de uso e ocupação do solo, que deu maior precisão aos laudos. Luiz Antonio passou a defender que, além de avaliações, prestassem também serviço de consultoria. O avô discordou. Como nenhum dos dois voltou atrás, houve um racha. Luiz Antonio partiu em carreira solo e criou a própria empresa em 1973, a Embraesp. Seu irmão Luiz Paulo logo viria integrar o quadro de funcionários. No ano 2000, Luiz Antonio faleceu em um acidente de carro e seu irmão se embrenhou ainda mais na empresa da qual se tornou porta-voz. Hoje, ele responde pela área de vocação imobiliária, a análise do que daria certo ou não em cada espaço.
 
Desde a década de 1970 a Embraesp registra todos os novos empreendimentos imobiliários da capital, numa parceria com o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas). É a única empresa na capital a fazer isso de forma sistemática e a obter o mais confiável banco de dados de lançamentos, tanto residenciais como corporativos. A partir dessas informações,a companhia criou um ranking das maiores incorporadoras, construtoras e imobiliárias em atividade. A lista originou uma premiação anual, o Prêmio Top Imobiliário. Os concorrentes são avaliados em alguns quesitos, como número de lançamentos, de torres e de unidades, área construída e valor geral de vendas. Quem pontuar mais leva o primeiro lugar. Se alguém vencer nos cinco quesitos, leva ainda um prêmio extra. Neste ano, o evento será em junho. Profissionais do ramo já confabulam sobre quem ficará com os trofeus.
 
Fonte: Mariana Barros / Veja São Paulo 

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