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sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Brasileiro perde mansão "gratuita" de US$ 2,5 mi nos EUA

Polícia norte-americana demorou mais de um mês e meio para encontrar brecha na legislação que tirasse brasileiro de 23 anos de uma mansão de US$ 2,5 milhões na Florida.

 
A sorte do brasileiro que se mantinha em uma mansão de 2,5 milhões de dólares na Flórida sem pagar um tostão terminou ontem. A polícia e a procuradoria do estado conseguiram encontrar uma brecha legal para tirar o jovem de 23 anos que ficou conhecido nos Estados Unidos como “Florida squatter” (“intruso da Flórida”, em tradução livre) e deixou a vizinhança do nobre bairro de Boca Raton bastante assustada.
Segundo a imprensa norte-americana, a polícia chegou ao local nesta quinta à tarde com um representante do Bank of America, o dono legal do imóvel, para avisar a André ‘Loki’ Barbosa - como o brasileiro se identifica no Facebook - que, caso continuasse na mansão, iria enfrentar acusação criminal de invasão.
No entanto, os oficiais não encontraram Barbosa nem qualquer uma das pessoas vistas com ele nos dias anteriores. Só havia roupas e alguns itens pessoais na casa, que será agora vigiada por um guarda 24 horas por dia.
À noite, as fechaduras já haviam sido trocadas.
“É um final bastante pacífico para um problema bastante complexo", comemorou o chefe da polícia de Boca Raton, Dan Alexander, ao Sun Sentinel.
O alívio do oficial norte-americano é fácil de entender: a polícia, os vizinhos e o Bank of America demoraram mais de um mês e meio para conseguir tirar o brasileiro de lá.
Longa história legal
Os vizinhos contam que acordaram no dia seguinte ao último Natal, no ano passado, com a mansão do bairro ocupada por André Barbosa.
O jovem usou uma lei estadual da Flórida chamada de “posse adversa”, similar a de usucapião no Brasil. Pela legislação, se ele tivesse se mantido na casa por sete anos, pagando todos os impostos - calculados em 39 mil dólares por ano, no caso - poderia pedir a posse legal do imóvel.
Segundo a imprensa norte-americana, Barbosa assinou os devidos requerimentos e comunicou o poder público que estava se mudando para a casa de mais de 700 metros quadrados, que tem acesso ao canal de Boca Raton, seis banheiros e cozinha gourmet.
Quando a polícia foi chamada para tirá-lo de lá, ainda em dezembro, não pode fazer nada. Alegaram que diante dos documentos de Barbosa – e pelo fato de ninguém tê-lo visto invadir a casa – tratava-se de assunto civil, não criminal.
O caso chamou atenção dos norte-americanos e foi amplamente noticiado.
Lição
Foi somente na segunda quinzena de janeiro que o Bank of America, que havia conseguido a casa em um processo de hipoteca, começou a mover-se legalmente para tirá-lo da mansão antes vazia. Mas a brecha legal foi encontrada pelo governo.
“Fomos capazes de determinar junto com o procurador do estado, após uma extensa consulta legal, que havia base para conduzirmos a investigação”, disse o chefe da polícia local à NBC Miami.
Apesar de toda a exposição internacional, Barbosa não concedeu entrevista a nenhum veículo de comunicação. EXAME.com tentou contato, mas não obteve retorno.
Em sua página no Facebook, não há qualquer referência à perda da mansão nem porque ele não estava lá.
Os vizinhos em Boca Raton estão mais que aliviados. Uma moradora havia chegado a pagar um guarda para tomar conta das redondezas.
“Aqui todo mundo cuida de todo mundo. Em outro bairro poderia ter funcionado. Mas ele simplesmente escolheu o bairro errado”, disse em leve tom de ameaça um dos moradores da região
O fato deve servir de lição ao Bank of America. Vizinhos chegaram a reclamar da lentidão da instituição em reaver o imóvel. Em nota, o banco disse que leva o assunto de invasões a sério e agradeceu a paciência dos vizinhos, garantindo que irá “tomar as devidas ações legais para proteger esta e outras propriedades”.
Mas o ato de André Barbosa pode estar fazendo escola. Se está longe de ser o primeiro intruso nos EUA – embora esteja sendo apontado como o mais ousado pela imprensa do país – o jovem pode estar impulsionando outras pessoas a fazerem o mesmo.
Segundo o Sun Sentinel, pelo menos seis pessoas preencheram documentos de “posse adversa” na cidade depois que o caso do brasileiro veio à tona.
O jovem, aliás, recebeu apoio de brasileiros no Facebook, com direito a “congratulations” tupiniquins.
Mesmo assim, permanece em aberto a razão de Barbosa ter escolhido a nobre mansão. “Eu não acho que ele terminou. A razão pela qual ele tem estado tão quieto é que ele vai tentar novamente”, disse uma temerosa vizinha à imprensa local.
Fonte: Marco Prates - EXAME.com

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