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terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Programa de trainee ganha versão sênior

A escassez de líderes e a necessidade imediata das empresas de compor quadro de sucessão as levaram a criar programas de trainee executivo para pessoas com experiência profissional e pós-graduação no currículo.

Essa foi a alternativa que as companhias encontraram para suprir a "demanda por novos talentos", afirma Patrícia Coimbra, diretora de desenvolvimento da Oi, do setor de telecomunicações.

Ao contrário da versão para recém-formados, o trainee executivo entra na empresa em cargo gerencial e é treinado para galgar postos mais altos, diz Maira Habimorad, sócia-diretora do Grupo DMRH, que detém a Cia de Talentos.

O salário, segundo ela, é compatível com as atribuições, variando de R$ 4.000 a R$ 8.000.

Na Iguatemi, rede de shopping centers, a seleção de talentos ocorre conforme a necessidade. "Jovens com experiência e qualificação podem ser alocados rapidamente em uma vaga superior [de gestão]", diz Anna Ribeiro, gerente de recursos humanos.

Esse foi o caso de Daniel Lotufo, 33, aprovado no programa de 2010 da companhia. O administrador de empresas deixou de ser trainee após nove meses para ocupar o cargo de gerente-geral do Market Place, o posto mais alto do shopping.

A ascensão "inesperada" deveu-se à experiência de nove anos em redes varejistas, segundo o executivo. "Em vez de gerenciar uma loja, tive que administrar um shopping", conta ele, que, no entanto, recebia salário 20% menor comparado ao que tinha na companhia anterior quando era trainee. Hoje, ganha o dobro.

A maturidade é o diferencial desses trainees, diz Vladimir Barros, gerente-executivo da Ale Combustíveis. "A estabilidade emocional favorece a tomada de decisão."

Com 25 anos de idade, a trainee de marketing da Iguatemi Juliana Ferreira acumula experiência de sete anos e MBA em negócios. "A bagagem [de carreira] foi meu diferencial na seleção", avalia.

Mais nova da turma de trainees executivos da Ale Combustíveis, Izabela Santos, 23, fez faculdade no exterior e atua na área desde os 19 anos. "Tive que mostrar comprometimento e maturidade."

ANÁLISE

Antes de aceitar participar de programa de trainee executivo, o profissional deve avaliar se a oportunidade é viável em termos econômicos e profissionais, aconselha Renata Schmidt, diretora da consultoria Foco Talentos.

"O candidato precisa estar emocionalmente disposto e preparado para passar por um treinamento, mesmo já tendo experiência na área."

Os salários nem sempre são vantajosos e atrativos, complementa Manuela Costa, gerente da Page Talent, de recrutamento e seleção.

"Há profissionais que deixam emprego com remuneração maior para apostar em uma oportunidade de crescimento profissional acelerada", justifica a gerente.

A expectativa do jovem talento, contudo, deve estar alinhada à da organização. "É um investimento com ganho para os dois lados, contanto que ambos estejam dispostos a trabalhar juntos", avalia.

Com um contracheque de R$ 8.000, o engenheiro Fabio Motta, 25, diz não ter se apegado a salário quando deixou o emprego anterior para participar de programa de trainee executivo da Iguatemi.

A remuneração é similar à que recebia, mas ele diz que deixaria a empresa para participar do programa mesmo se o salário fosse inferior.

Depois de trabalhar três anos em grandes construtoras, inscreveu-se no grupo para "ampliar sua visão da engenharia e ter mais perspectivas de crescimento".

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