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segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Itaquerão está com 10,65% das obras construídas, afirma empreiteira

A construção do estádio do Corinthians, em Itaquera, está com 10,65% dos trabalhos concluídos, informa a empreiteira Odebrecht, responsável pelos trabalhos, que foram iniciados no último dia 30 de maio.

As obras estão na fase de terraplanagem e fundação (colocação de estacas e blocos de apoio sobre os quais ficam os pilares de sustentação das arquibancadas). Atualmente, 430 funcionários operam um maquinário de 115 equipamentos no local.

Tendo aval da entidade máxima do futebol para entregar a obra em fevereiro de 2014, quatro meses antes do início da Copa do Mundo no Brasil, a Odebrecht tem adotado esse prazo como oficial. Ainda assim, a construtora espera que a conclusão se dê em dezembro de 2013.

Em visita ao terreno em Itaquera na semana passada, o presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, afirmou que as obras estão 43 dias adiantadas em relação ao cronograma oficial. Para ele, o Itaquerão poderá ser oficialmente entregue setembro de 2013.

O orçamento total para a construção do estádio é de R$ 820 milhões - R$ 400 milhões serão levantados com empréstimo do BNDES, sendo o restante proveniente dos incentivos fiscais concedidos pela prefeitura de São Paulo. Caso esses recursos não sejam suficientes para o preço final, outra fonte seria a antecipação de receitas, como às associadas a patrocínio.

Nesse montante, não é considerada a instalação da arquibancada provisória de 20 mil lugares (necessária para expandir a capacidade para 68 mil lugares e possibilitar que o estádio receba o jogo de abertura da Copa). Os assentos temporários serão arcados pelo governo estadual.

'Mentor' do Itaquerão quer erguer arena com cara de EUA: "será a antítese do Engenhão"

Economista renomado, Luis Paulo Rosenberg é o principal responsável por viabilizar o estádio Itaquerão, provável palco da abertura da Copa do Mundo de 2014. Braço direito do presidente Andrés Sanchez, o diretor de marketing diz dedicar 40% da sua agenda aos interesses do Corinthians e fala em erguer o estádio mais moderno do mundo.

“Desde o projeto até a construção, fizemos tudo da forma como (pausa para pensar)... Como uma Microsoft faria”, definiu, em entrevista exclusiva ao UOL Esporte. “Será um estádio para eventos, não para sentar lá e só ver o jogo. É muito norte-americano.”

Sobrou até para o Engenhão, que virou exemplo de como não se deve fazer um estádio, na concepção de Rosenberg. “O modelo que pra mim serve como antítese do nosso é o Engenhão. Isso aí é século passado.”

O cartola definiu como “oba-oba” as dúvidas em relação ao tempo em que o estádio será erguido. “Hoje é mais difícil fazer um shopping do que um estádio, principalmente o nosso”, decretou.

Sobre as questões pendentes, como o empréstimo junto ao BNDES e a retirada dos dutos da Petrobrás no terreno da futura arena, o economista demonstra tranquilidade e afirma que tudo estará resolvido até o final do ano, embora não tenha apresentado argumentos ou fatos convincentes para defender sua tese.

Na última quarta-feira, Rosenberg recebeu a reportagem do UOL Esporte em seu escritório, um casarão de 140 anos na região do Pacaembu. Abriu mão do terno e gravata para utilizar uma camisa do seu time do coração e falou praticamente durante uma hora, antes de sair às pressas para um almoço com o ex-ministro da Fazenda Delfim Netto, a quem considera seu “mestre”.

Além de falar sobre o estádio, o dirigente corintiano defendeu a rivalidade sadia entre os clubes e justificou as frases provocativas que frequentemente adota.

Confira os principais assuntos tratados por Rosenberg:

- O PROJETO DO ITAQUERÃO

“Nosso estádio é sem dúvida é o mais moderno do mundo, porque incorpora tudo o que a Fifa quer, e os padrões são muito mais exigentes hoje do que foram na Copa da África. É o único estádio no Brasil feito a partir do marketing. Nasceu de uma pesquisa de consumidor, e a partir disso ficou estabelecido o número de camarotes, de cadeiras vips, de numeradas, de balcões de venda de alimento, de lojas... É muito legal nesse aspecto, é muito norte-americano.”

- A ABERTURA DA COPA

“Em outubro vai ser oficializado, será o preto no banco, e temos um diálogo contínuo com a Fifa. Será um estádio para eventos, não só um lugar onde você senta e vê o jogo. Não vamos fazer um novo Engenhão de jeito nenhum, não quero isso daí, é século passado. O nosso será uma máquina de fazer dinheiro. A Fifa sabe apreciar isso. Não é possível que o centro econômico da América Latina [São Paulo] não terá a abertura ou fechamento da Copa, então estamos tranquilos quanto a isso."

- BNDES, DUTOS, SELO VERDE

“Não existe nenhum desafio tecnológico. Os dutos não carregam combustível, só óleo, e ficam a um metro e meio de profundidade. Então não tem erro. A questão de quanto custa e quem paga é porque envolve uma empresa pública de capital aberto [Petrobrás] e um clube privado. Se fosse o governo, já estaria resolvido."

“Somos muito criteriosos, em busca do menor preço, da sustentabilidade. Brigo por cada centavo. Minha unidade de compra é um ‘Kaká’, que vale 80 milhões. Se economizo 4 milhões, por exemplo, é 5% do Kaká, a perna esquerda dele. É uma operação financeira complicada, um projeto com amortização de 40 milhões e 40 milhões de juros todo ano no começo.”

“Somos uma entidade privada e não posso ir ao BNDES pegar dinheiro. Temos de montar uma engenharia financeira com uma instituição no meio para criar um fundo imobiliário. Ela fica com a concessão do estádio como garantia, aí eu pago ele, ele paga o BNDES, e eu recebo o dinheiro de volta do excedente. Aqui nesse escritório 80% das operações financeiras que realizamos foram mais simples do que essa. O BNDES tem a linha disponível, está lá o dinheiro esperando para o estádio da cidade de São Paulo na Copa, mas tem as regras dele."

“O meu projeto já foi feito pensando no selo verde, ao contrário dos outros. Fiz o projeto certo e só preciso da autenticação quando estiver fazendo a construção.”

- A RIVALIDADE COM PALMEIRAS E SÃO PAULO

“Parte da nossa doutrina é aguçar a rivalidade, por isso toda vez eu faço uma gracinha com ‘bambi’, ‘panetone’ etc. O São Paulo precisa de mim, eu preciso dele. Posso dar uma sugestão, um conselho, me juntar a eles. Estamos no mesmo barco, nosso inimigo é a mediocridade e a safadeza no futebol, não é o São Paulo nem o Palmeiras, esses são meus adversários na hora do jogo e com quem quero manter relações amistosas enquanto instituição."

“O fato de eu estar sempre brincando é muito mais para desarmar, dizer ‘vem, me chama de gambá, de galinha’, para trazer o clima de brincadeira e não jogar a gente dentro do rio, caramba.”

Nota da Redação: Ao afirmar “jogar a gente no rio”, Rosenberg se referiu ao torcedor do Corinthians encontrado morto no rio Tietê no dia do clássico contra o Palmeiras.

“Quanto mais forte o São Paulo, mais forte eu sou. Quando alguém me diz que o São Paulo conseguiu aumentar o valor do seu patrocínio, eu vibro. Subiu a barra, e como a minha é a mais alta vai me empurrar pra cima.”

“Sinto que a nova geração, por causa dos títulos recentes, tem maior birra maior com o São Paulo do que com o Palmeiras. Eu acho difícil o Palmeiras perder o trono de ser o nosso grande rival, pelo fato de ter nascido dentro do próprio Corinthians.”

- RELAÇÃO ABALADA COM O SÃO PAULO?

“Olha, eu converso mais com o marketing do São Paulo do que com o do Palmeiras, pelo fato de estar na mesma faixa econômica e de ter interesses comuns grandes.”

- CORINTHIANS RELIGIÃO E AMANTE ARGENTINA

“Tenho um defeito de nascença: não gosto de futebol. Desde pequeno eu nunca fui ver um jogo de futebol que não seja do Corinthians. Ir ao estádio é inadmissível para mim. O Corinthians está muito mais perto de religião do que de esporte.”

“O Corinthians é que nem amante argentina, de dia detona o seu cartão de crédito, bate em você, briga com os filhos do casamento, e à noite é uma felicidade incomparável.”

- ELOGIOS A ANDRÉS SANCHEZ

“Trabalhar com o Andrés é uma experiência fantástica. Em toda minha vida, consegui ter dois chefes, o Andrés e o Delfim [Netto]. São duas pessoas extremamente lúcidas, rápidas no raciocínio e com uma capacidade de delegar absoluta, então é muito legal. São estilos totalmente opostos. O do Andrés é semelhante ao do Lula. Tem talento para aceitar pessoas de formações diversas e assumir as loucuras dos auxiliares. O Delfim é uma concepção analítica.”

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Dossiê detalha irregularidades de construtoras no interior de SP

A pelo menos 30 metros de altura, sem cinto de segurança ou capacete, um operário se equilibra no topo de um prédio em obras no Jardim Nova Aliança, área nobre da zona sul de Ribeirão Preto (313 km de São Paulo).

Em uma obra vizinha, o pintor, também sem proteção, se equilibra na ponta da tábua estreita que está solta no alto do andaime. Em Franca, operários sem registro em carteira erguem casas financiadas pelo programa federal "Minha Casa, Minha Vida".

A sequência de irregularidades em obras convive à margem da euforia da construção civil.

Só em Ribeirão, ao menos cem obras de médio e grande porte estão em curso. Atuam na cidade em torno de 20 mil operários Ðconsiderados só os com registro em carteira.

A Folha teve acesso a uma espécie de dossiê do Ministério Público do Trabalho que reúne 415 multas por falhas em obras de 89 construtoras ou empresas terceirizadas em fiscalizações em 2010 e 2011.
As autuações foram aplicadas em blitze das regionais de Ribeirão (junto com Vigilância Sanitária) e de Franca.

O SindusCon, sindicato que representa as construtoras, diz que as falhas são pontuais e que as empresas têm investido nos funcionários.

A Folha também flagrou em seis obras riscos de acidentes por falta de equipamentos de segurança.


Órgãos de fiscalização dizem que o boom do setor impulsionou o número de irregularidades, mas que é a terceirização que mais desencadeia os problemas.

"Uma mesma obra tem às vezes pedreiros de dezenas de pequenas empreiteiras. O operário nem sabe mais quem é o patrão", diz o procurador Élisson Miessa dos Santos.

Mas há casos como o da construtora MRV, em Franca, onde se achou até operários sem registro em carteira, uma situação mais comum com pequenas empreiteiras.

Entre médias e grandes construtoras, como Pereira Alvim, OAS, Jábali Aude, Copema e Pagano, as multas concentraram-se mais na falta de proteção coletiva.

Os alojamentos também têm falhas. São 30 em Ribeirão, segundo Carlos Miranda, do sindicato dos empregados.

Segundo Germano Serafim Oliveira, chefe da fiscalização da Gerência Regional do Trabalho, um terço das autuações mensais do órgão ocorre na construção civil.

Mas o número de fiscais nessa área é pequeno: três ou quatro servidores, para atuar em 35 cidades de abrangência. Oliveira diz que o ideal seriam seis ou sete.