O primeiro ano de operação da
Arena Amazônia, estádio que está sendo construído pelo Governo do Estado do
Amazonas por R$ 605 milhões, não será utilizado no Campeonato Amazonense do ano
que vem.
Em reunião realizada na última
quarta-feira, os dirigentes dos clubes de futebol do Estado chegaram à
conclusão de que será impossível mandar os jogos no estádio com capacidade para
42.374 pessoas sem ter prejuízo.
Com essa decisão, torna-se um
fato inconteste o que já era uma enorme desconfiança: a Arena Amazônia será um
grande e custoso elefante branco já em seu primeiro semestre de operação, antes
mesmo da Copa do Mundo de 2014.
Então, o contribuinte amazonense,
que já está pagando R$ 605 milhões para construir uma arena em um Estado cujo
orçamento anual da Secretaria da Justiça é de R$ 108 milhões, agora pode ter
certeza que o equipamento ainda vai lhe custar mais do que isso.
Quanto mais? O Governo do
Amazonas vem trabalhando com uma projeção de custo mensal de manutenção da
arena de R$ 500 mil, que seria o mesmo valor que se observa no Engenhão,
estádio do Rio de Janeiro.
Mas isso é mera suposição. Na
verdade, o Estado do Amazonas não tem como saber qual será o custo de
manutenção da arena que está construindo e promete entregar até 31 de dezembro
deste ano. Isso porque a Arena Amazônia não possui um estudo de viabilidade econômica
que permita que o governo estadual planeje como operar o equipamento sem ter
prejuízo.
Bom, sem sequer os jogos do
Campeonato Estadual, qual a chance do equipamento ser viável, não dar prejuízo?
Então, estariam os dirigentes do
futebol amazonense jogando contra o interesse público, boicotando a arena, o
investimento e os cofres estatais? Improvável. O mais provável é que tais
dirigentes, tenham a índole e os interesses que tiverem, só não gostam é de
rasgar dinheiro. E jogar na Arena Amazônia é prejuízo na certa.
Se não, veja só. No último dia 6,
Bahia e Ponte Preta empataram em 1 a 1 na Arena Fonte Nova, diante de 9.448
pagantes, que proporcionaram uma renda bruta de R$ 200.030, média de R$ 21,17
por torcedor. Desse montante, o clube baiano teve que pagar R$ 170 mil pelo
aluguel às empreiteiras Odebrecht e OAS, que operam o estádio que construíram
com o dinheiro do Estado da Bahia.
Ora, o maior público do
Campeonato Amazonense em Manaus neste ano foi na final entre Nacional e
Princesa do Solimões, no dia 26 de maio: 5.800 pagantes, que proporcionaram uma
renda de R$ 54 mil. A soma dos públicos de todos os jogos do campeonato foi de
47.639 torcedores, conforme relatório produzido pela Pluri Consultoria. Média
por jogo: 807 pagantes, ou menos de 2% da capacidade da Arena Amazônia.
Então, como que dá para jogar o
Campeonato Amazonense na Arena Amazônia sem jogar dinheiro fora? Não dá,
simplesmente não dá. Como culpar os dirigentes? O contribuinte e o Governo do
Estado do Amazonas, que são os pais do elefante, que fiquem com o prejuízo!
Então, na última quarta-feira,
por 8 votos a 2, os dirigentes dos dez clubes que disputarão a primeira divisão
do Campeonato Amazonense do ano que vem decidiram que não vão utilizar a arena
no torneio. Fizeram apenas uma concessão: se houver final, pode-se pensar em
disputar os jogos na arena.
Apenas se houver final, porque o
campeonato estadual do Amazonas é disputado em dois turnos. Se a mesma equipe
vencer os dois, não há final. Mas então, se houver final, os jogos poderão ser
na Arena Amazônia.
Poderão ser na Arena Amazônia,
mas com uma ressalva: caso um dos finalistas seja o atual campeão estadual, o
Princesa de Solimões, então a FAF (Federação Amazonense de Futebol) terá que
providenciar e pagar o transporte dos torcedores do clube do município de
Manacapuru até Manaus. São 68 quilômetros.
O presidente da FAF, Dissica
Valério Tomaz, aceitou a incumbência. E de onde ele vai tirar o dinheiro para
bancar esse transporte? “Vamos pedir ajuda ao Governo do Estado”, explicou o
cartola na última quarta.
Falar o que?
Fonte: Vinícius Segalla
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