Capital precisa de plano para dar conta de problemas sociais
A falta de estrutura para atender a aglomeração populacional instalada no entorno de Brasília configura cenário propício para a cidade assumir “o mesmo papel da baixada fluminense”, comparou na tarde de ontem (20.abr.2010) Márcio Pochmann, economista e presidente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
A declaração foi dada durante a apresentação da prévia de um estudo sobre os impactos econômicos da capital federal no Centro-Oeste e no Brasil. Entre os avanços nessa relação, o Ipea destacou o aumento da participação do DF no PIB nacional (de 0,04%, em 1960, para 3,76%, em 2007) e sua afirmação como capital do país, afastando a possibilidade de restabelecê-la no Rio de Janeiro.
Mas quando os dados se referem à diminuição da desigualdade de renda, o DF fica atrás dos índices nacionais. Em 1960, a distribuição de renda no Distrito Federal era melhor que no resto do país (tinha 0,55 ponto no coeficiente Gini contra 0,60 do país; quanto mais perto de 1, pior). Já em 2008, a situação se inverteu: o DF tem 0,63 ponto contra 0,55 do restante do Brasil.
Retomada industrial
Justamente nesse desnível social residem os problemas da capital, avaliou Pochmann. “A despeito do progresso dos últimos 50 anos, ela [Brasília] precisa de um projeto para os próximos 50 anos”, afirmou. “O Distrito Federal não tem um projeto de longo prazo, que, ao nosso ver, seria fundamental para enfrentar problemas de coesão social”.
Esse projeto proposto por Pochmann inclui retomar o plano original do DF, que pretendia torná-lo um pólo industrial e foi abandonado pelos governos militares, que priorizaram o desenvolvimento da agropecuária no Centro-Oeste.
O desenvolvimento da indústria na região permitiria dinamizar sua economia fortemente vinculada ao setor de serviços e à administração pública. Em 2007, por exemplo, a agropecuária respondia por 0,3% do PIB do DF, a indústria 6,6%, e o setor de serviços 93,2% (sendo 53,8% relacionados à administração pública).
Barreira pública
Além disso, um novo eixo de desenvolvimento para Brasília contribuiria para desinibir a redução da desigualdade em sua região. O Ipea atribui o descompasso da redução da disparidade de renda no DF com relação ao país à concentração de funcionários públicos dotados de altas aposentadorias existente na capital.
“[Brasília] concentra muitas aposentadorias e pensões do serviço público, que são altas. É um fato único, isolado e não é expansível para o Brasil todo... veremos algo parecido em capitais como Washington ou capitais federais importantes mundo afora”, argumentou Pochmann.
A falta de estrutura para atender a aglomeração populacional instalada no entorno de Brasília configura cenário propício para a cidade assumir “o mesmo papel da baixada fluminense”, comparou na tarde de ontem (20.abr.2010) Márcio Pochmann, economista e presidente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
A declaração foi dada durante a apresentação da prévia de um estudo sobre os impactos econômicos da capital federal no Centro-Oeste e no Brasil. Entre os avanços nessa relação, o Ipea destacou o aumento da participação do DF no PIB nacional (de 0,04%, em 1960, para 3,76%, em 2007) e sua afirmação como capital do país, afastando a possibilidade de restabelecê-la no Rio de Janeiro.
Mas quando os dados se referem à diminuição da desigualdade de renda, o DF fica atrás dos índices nacionais. Em 1960, a distribuição de renda no Distrito Federal era melhor que no resto do país (tinha 0,55 ponto no coeficiente Gini contra 0,60 do país; quanto mais perto de 1, pior). Já em 2008, a situação se inverteu: o DF tem 0,63 ponto contra 0,55 do restante do Brasil.
Retomada industrial
Justamente nesse desnível social residem os problemas da capital, avaliou Pochmann. “A despeito do progresso dos últimos 50 anos, ela [Brasília] precisa de um projeto para os próximos 50 anos”, afirmou. “O Distrito Federal não tem um projeto de longo prazo, que, ao nosso ver, seria fundamental para enfrentar problemas de coesão social”.
Esse projeto proposto por Pochmann inclui retomar o plano original do DF, que pretendia torná-lo um pólo industrial e foi abandonado pelos governos militares, que priorizaram o desenvolvimento da agropecuária no Centro-Oeste.
O desenvolvimento da indústria na região permitiria dinamizar sua economia fortemente vinculada ao setor de serviços e à administração pública. Em 2007, por exemplo, a agropecuária respondia por 0,3% do PIB do DF, a indústria 6,6%, e o setor de serviços 93,2% (sendo 53,8% relacionados à administração pública).
Barreira pública
Além disso, um novo eixo de desenvolvimento para Brasília contribuiria para desinibir a redução da desigualdade em sua região. O Ipea atribui o descompasso da redução da disparidade de renda no DF com relação ao país à concentração de funcionários públicos dotados de altas aposentadorias existente na capital.
“[Brasília] concentra muitas aposentadorias e pensões do serviço público, que são altas. É um fato único, isolado e não é expansível para o Brasil todo... veremos algo parecido em capitais como Washington ou capitais federais importantes mundo afora”, argumentou Pochmann.
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