Pedir o atestado de antecedente criminal na hora de contratar um funcionário está virando praxe em condomínios paulistas de alto padrão, que consideram o documento um meio de combater a violência. Em alguns edifícios, a norma é ainda mais severa e se estende a babás, faxineiras e motoristas que trabalham para moradores dos apartamentos. No interior do Estado, chega-se ao extremo de prestadores de serviços também terem de apresentar o tal documento, acompanhado do RG, para conseguir entrar em condomínios de luxo.
A orientação para adotar a nova conduta parte do Secovi, o sindicato das empresas do setor imobiliário. "As informações que os bandidos conseguem sobre a rotina e as brechas na segurança de alguns edifícios são passadas por pessoas que trabalham no prédio e algumas vezes até por moradores mais desavisados", diz Hubert Gebara, vice-presidente da Administração Imobiliária e Condomínio da entidade.
Mesmo depois de investir em seguranças vestidos de preto, guaritas blindadas, cercas elétricas e equipamentos eletrônicos de última geração, os prédios não se livraram da ameaça dos arrastões. Pior: neste ano, sentiram o perigo mais próximo. Enquanto em 2007 foram contabilizados sete casos de roubos a condomínios e cinco em 2008, agora já são 36 em todo o Estado, segundo o Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic).
A explosão dos números chegou a levar a Secretaria da Segurança Pública a criar, em agosto, uma divisão especializada nesse tipo de crime. Para isso, a antiga Delegacia de Furtos do Deic passou a cuidar dos roubos em condomínios e residências. "Foi um ajuste causado pela mudança da criminalidade", diz Antonio Carlos Heib, titular da delegacia.
"Cada vez que acontece um assalto, os síndicos apertam ainda mais as normas de segurança", diz Roberto Piernikarz, proprietário da BBZ, administradora de condomínios de alto padrão. "O antecedente criminal é só mais uma cautela. E, do ponto de vista jurídico, não tem problema, pois é uma informação pública." A cautela, em muitos casos, é norma expressa na convenção do edifício. "Cada um tem de escolher como quer viver. É isso que define o regulamento do prédio", diz Ivan Lencek, consultor em Segurança.
Nos Jardins, região nobre da zona sul de São Paulo e potencial alvo de arrastões, um edifício residencial com heliponto investiu tanto na segurança que dentro dos apartamentos há alarmes camuflados e prontos para disparar com a abertura de uma gaveta. Em prédios como esse, com cerca de 30 famílias, as normas de segurança se ajustam conforme a necessidade. "Como são poucos os moradores fica fácil mudar a lei interna", diz Piernikarz, da BBZ.
A segurança é tão importante que os moradores não se opõem a aderir a mais uma cautela como a de pedir o antecedente criminal, mesmo que seja para sua cozinheira de anos. Os funcionários ficam de mãos atadas. Mesmo que não concordem com a medida, acabam levando o documento - ou são automaticamente eliminados da concorrência à vaga.
Mas há também quem não se importe, e até veja a situação com bons olhos. É o caso do pernambucano Cícero Manuel da Silva, de 35 anos. Em São Paulo desde os 19 anos, hoje é faxineiro de um prédio de classe média alta nos Jardins, que não exigiu o antecedente criminal no momento da contratação. Dos sete registros que tem na carteira, dois deles, porém, são de empresas que pediram o documento. "Achei bom por ser uma segurança até para os funcionários. É bom saber quem são seus colegas de trabalho", diz Silva. "A gente passa mais tempo trabalhando do que em casa."
Rotatividade
O condomínio de luxo Quinta da Baronesa, em Bragança, no interior de São Paulo, conhecido por abrigar banqueiros e corredores de Fórmula 1, tem mais de cem casas, muitas em construção. E a rotatividade de pessoas virou um problema de segurança. Para contê-la, foi aprovado pela associação de moradores que fosse pedido a todos os prestadores de serviço o antecedente criminal.
Constrangedor? "As pessoas já estão acostumadas a ter de mostrar RG na hora de entrar num edifício. Até em prédios residenciais fotografam e cadastram os visitantes", diz Márcio Rachkorsky, assessor jurídico de condomínios. "Adotada em alguns prédios, a revista é uma alternativa bem pior."
Para o tapeceiro Zoé Ribeiro, de 58 anos, há medidas mais constrangedoras. "Não me importo em apresentar o antecedente criminal. Fico mal com a estupidez de alguns porteiros. Às vezes, eles me tratam como se eu não fosse gente."
Na Quinta da Baronesa, além de mostrar o documento, todas as informações ali contidas são checadas antes da liberação da entrada do prestador de serviço. A segurança verifica se o funcionário que carrega o crachá é o sujeito da foto e do antecedente criminal apresentado. A cada seis meses, todos os funcionários e prestadores de serviço são obrigados a renovar o documento. "Na hora da contratação, o funcionário já tem de mostrar RG e a carteira de trabalho", diz Rachkorsky. "O antecedente é só mais um documento".
Fonte: Agência Estado
A orientação para adotar a nova conduta parte do Secovi, o sindicato das empresas do setor imobiliário. "As informações que os bandidos conseguem sobre a rotina e as brechas na segurança de alguns edifícios são passadas por pessoas que trabalham no prédio e algumas vezes até por moradores mais desavisados", diz Hubert Gebara, vice-presidente da Administração Imobiliária e Condomínio da entidade.
Mesmo depois de investir em seguranças vestidos de preto, guaritas blindadas, cercas elétricas e equipamentos eletrônicos de última geração, os prédios não se livraram da ameaça dos arrastões. Pior: neste ano, sentiram o perigo mais próximo. Enquanto em 2007 foram contabilizados sete casos de roubos a condomínios e cinco em 2008, agora já são 36 em todo o Estado, segundo o Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic).
A explosão dos números chegou a levar a Secretaria da Segurança Pública a criar, em agosto, uma divisão especializada nesse tipo de crime. Para isso, a antiga Delegacia de Furtos do Deic passou a cuidar dos roubos em condomínios e residências. "Foi um ajuste causado pela mudança da criminalidade", diz Antonio Carlos Heib, titular da delegacia.
"Cada vez que acontece um assalto, os síndicos apertam ainda mais as normas de segurança", diz Roberto Piernikarz, proprietário da BBZ, administradora de condomínios de alto padrão. "O antecedente criminal é só mais uma cautela. E, do ponto de vista jurídico, não tem problema, pois é uma informação pública." A cautela, em muitos casos, é norma expressa na convenção do edifício. "Cada um tem de escolher como quer viver. É isso que define o regulamento do prédio", diz Ivan Lencek, consultor em Segurança.
Nos Jardins, região nobre da zona sul de São Paulo e potencial alvo de arrastões, um edifício residencial com heliponto investiu tanto na segurança que dentro dos apartamentos há alarmes camuflados e prontos para disparar com a abertura de uma gaveta. Em prédios como esse, com cerca de 30 famílias, as normas de segurança se ajustam conforme a necessidade. "Como são poucos os moradores fica fácil mudar a lei interna", diz Piernikarz, da BBZ.
A segurança é tão importante que os moradores não se opõem a aderir a mais uma cautela como a de pedir o antecedente criminal, mesmo que seja para sua cozinheira de anos. Os funcionários ficam de mãos atadas. Mesmo que não concordem com a medida, acabam levando o documento - ou são automaticamente eliminados da concorrência à vaga.
Mas há também quem não se importe, e até veja a situação com bons olhos. É o caso do pernambucano Cícero Manuel da Silva, de 35 anos. Em São Paulo desde os 19 anos, hoje é faxineiro de um prédio de classe média alta nos Jardins, que não exigiu o antecedente criminal no momento da contratação. Dos sete registros que tem na carteira, dois deles, porém, são de empresas que pediram o documento. "Achei bom por ser uma segurança até para os funcionários. É bom saber quem são seus colegas de trabalho", diz Silva. "A gente passa mais tempo trabalhando do que em casa."
Rotatividade
O condomínio de luxo Quinta da Baronesa, em Bragança, no interior de São Paulo, conhecido por abrigar banqueiros e corredores de Fórmula 1, tem mais de cem casas, muitas em construção. E a rotatividade de pessoas virou um problema de segurança. Para contê-la, foi aprovado pela associação de moradores que fosse pedido a todos os prestadores de serviço o antecedente criminal.
Constrangedor? "As pessoas já estão acostumadas a ter de mostrar RG na hora de entrar num edifício. Até em prédios residenciais fotografam e cadastram os visitantes", diz Márcio Rachkorsky, assessor jurídico de condomínios. "Adotada em alguns prédios, a revista é uma alternativa bem pior."
Para o tapeceiro Zoé Ribeiro, de 58 anos, há medidas mais constrangedoras. "Não me importo em apresentar o antecedente criminal. Fico mal com a estupidez de alguns porteiros. Às vezes, eles me tratam como se eu não fosse gente."
Na Quinta da Baronesa, além de mostrar o documento, todas as informações ali contidas são checadas antes da liberação da entrada do prestador de serviço. A segurança verifica se o funcionário que carrega o crachá é o sujeito da foto e do antecedente criminal apresentado. A cada seis meses, todos os funcionários e prestadores de serviço são obrigados a renovar o documento. "Na hora da contratação, o funcionário já tem de mostrar RG e a carteira de trabalho", diz Rachkorsky. "O antecedente é só mais um documento".
Fonte: Agência Estado
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