A live de Alok na Globo, que aconteceu no sábado, tirou o
sono do síndico do prédio com uma ameaça de polícia. O responsável pela
administração do residencial de luxo em que o DJ mora, no bairro do Brooklin,
em São Paulo, é Marcio Rachkorsky, especialista em governança em condomínios do
SPTV, da Globo. "Enquanto todo mundo estava se divertindo e curtindo, eu
estava apavorado e torcendo para acabar logo", disse.
Rachkorsky contou todos os bastidores da transmissão ao vivo
para o portal Síndiconet. De roupão e na varanda de sua casa, o síndico de Alok
deu detalhes da negociação com quem se incomodou com o show.
"Nas horas que antecederam o evento, recebi a ligação
de um morador que estava enfurecido. Falando: 'Márcio, é um absurdo, você não
fez assembleia para aprovar, você não nos consultou formalmente, você não tem
autonomia para fazer isso, você está descumprindo a lei, vou chamar a polícia,
eu vou conseguir uma liminar, eu vou fazer de tudo para evitar isso'",
contou.
O síndico precisou negociar com o homem, explicando que a
transmissão da Globo poderia até valorizar o imóvel. "Não adiantava. O
cara falava: 'Não, eu tenho filho pequeno'. Outro morador aderiu a tese do cara
e falava: 'Eu também tenho filho pequeno'", relatou Rachkorsky.
Marcio Rachkorsky é comentarista no SPTV, na Globo
"Foi assim uma tensão pré-evento. E eu pensando: 'Já
pensou se por conta de um ou dois moradores dá tudo errado? Já pensou a
expectativa que está gerando em todo mundo?'. Mas eu fui firme, conversei com o
condômino incomodado. Depois, cheguei a conversar com outra senhora que estava
com dúvidas", revelou.
Segundo o profissional, Alok se mostrou disposto a negociar
e até a mudar o som de seu show para algo mais intimista. "Faltando uma
hora ou duas horas para começar o evento, eu [estava] morrendo de medo que
chegasse a polícia ou oficial de Justiça com um mandado para não realizar o
evento", confessou o administrador.
Para Rachkorsky, a transmissão ocorreu da melhor forma nos
bastidores. O prédio providenciou um gerador extra e reforçou a equipe de
segurança para evitar aglomerações no condomínio.
"Depois disso, já era uma 2h da madrugada, eu relaxei.
Aí, eu que fui tomar uma garrafa de vinho porque eu estava tão tenso. Tenso de
verdade, com medo de dar errado ou medo de ser responsabilizado por alguma
coisa. No fim das contas, deu tudo certo", comemorou.
O síndico profissional ainda elogiou a postura do DJ durante
as conversas com os vizinhos. "Ter um condômino ilustre como ele é algo
muito legal. Ele é um cara gentil, cordial, educado, humilde e todo mundo que
tem contato com ele não acredita."
O comentarista da Globo revelou que Alok acionou seu
advogado e equipe para conseguir a liberação para a live. "Naturalmente, a
gente quis entender do que ia se tratar para autorizar. Li os documentos,
entendi o que ia ser e autorizei", afirmou.
Em seguida, o especialista consultou os moradores via grupo
de WhatsApp. Segundo ele, a maioria ficou animado com o show virtual. No
entanto, uma questão chamou a atenção do profissional. "Como ia ser depois
das 22h da noite, eu como síndico fiquei com a dúvida do barulho, a questão do
sossego das pessoas que eu tanto falo na TV. Mas aí a gente pesou as coisas e
essa é a importância do síndico: saber interpretar as situações e pesar",
analisou.
Para ele, o fato de ser uma ação beneficente falou mais
alto. "Achei que estava dentro da minha alçada liberar e autorizar o
evento mesmo que o som pudesse incomodar alguém", comentou. O resultado
positivo da transmissão deixou o administrador tranquilo com sua escolha.
"Eu poderia ter tomado uma decisão que fosse contrária
ao interesse coletivo, mas que ia beneficiar uma pessoa que estava fazendo
pirraça. Aí valeu aquela história do síndico que cumpre a lei, claro, mas que
deve ser coerente. Estou honrado de ser o síndico desse prédio onde pude viver
uma experiência totalmente diferente, um mix de angústia, alegria, satisfação,
medo e, agora, alívio", finalizou.
Fonte: Uol / Sindiconet
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