Um imóvel de alto padrão é classificado, principalmente, a partir da região em que está situado. Bairros paulistanos como Itaim Bibi, Vila Nova Conceição, Alto de Pinheiros, Moema, Jardim Anália Franco e Jardim Paulistano são áreas nobres, repletas de empreendimentos luxuosos. O valor do metro quadrado de apartamentos desse nível? Algo entre R$ 20 mil e R$ 25 mil. Itens exclusivos, que no passado eram encarados apenas como um bônus que valorizava o imóvel, hoje são fator imprescindível à comodidade. Além de uma excelente localização, o consumidor de alto padrão busca uma proposta arquitetônica que privilegie o design — moradias inteligentes, simultaneamente belas e funcionais. “Neste mercado, o cliente geralmente é um cidadão do mundo, tem referências, conhece arquitetura, estética, frequenta eventos internacionais, gosta de arte… A proposta do empreendimento precisa, enfim, enquadrar-se em uma série de demandas”, afirma Maurício Eugenio, uma das principais referências do país no segmento e fundador da Eugenio, agência especializada em marketing imobiliário e que tem mais de duas décadas.
No começo dos anos 1990, o mercado imobiliário nacional era bastante básico. A arquitetura de então era “dura” e não havia grandes preocupações estéticas. O que se construía na época eram prédios verticais puros, com muros altos, sem muito glamour. Agora, as construtoras sabem da importância do uso de um projeto renomado, moderno, assinado por escritórios internacionais e por nomes importantes desse meio. “Um apartamento é algo essencial, todos precisamos de um lar. Nos últimos 25 anos esse mercado evoluiu demais. Foi bom ter me especializado nele, pois se trata de um setor no qual se precisa saber atender com padrões altos de excelência”, conta. Alguns anos atrás, a demanda no setor era gigantesca. Hoje ela se destaca mais por ser exigente. Há bastante estoque, mas é possível achar empreendimentos que se destacam.
E quais são as inovações e diferenciais que as construtoras estão oferecendo aos compradores de seus empreendimentos de alto padrão? “Há muitas novidades na área, como pisos de banheiro aquecidos e outras. A sustentabilidade dos empreendimentos também está em alta. Projetos que promovam algum tipo de gentileza urbana e com funcionalidades inteligentes, tecnologia de segurança e administração eficiente são muito importantes.” Para Eugenio, os consumidores querem adquirir uma experiência, algo distinto. O imóvel, o conceito que o permeia, deve traduzir a personalidade e as aspirações pessoais de seu comprador. Um bom exemplo de empresa do ramo que está cada vez mais focada em propostas inovadoras é a Porte Engenharia e Urbanismo. Criada em 1986, ela é reconhecida como sinônimo de alto padrão em empreendimentos na parte leste da cidade de São Paulo, especificamente no Jardim Anália Franco e Tatuapé. Seu fundador, Marco Antônio Melro, nasceu e cresceu na região e percebeu tanto a carência quanto o potencial da área para imóveis de luxo. “Na época, famílias que eu conhecia e que tinham melhorado de vida estavam saindo do bairro para morar em outros endereços da capital. Foi então que percebi que algo precisava ser feito. Focamos em residenciais de alto padrão e empreendimentos comerciais que alavancassem o desenvolvimento local”, conta Melro.
Atualmente, a empresa tem mais de 40 empreendimentos no portfólio — quatro em construção. Residenciais como Sainte Claire, Maria Callas, Amedeo Modigliani e Camille Claudel enfeitam as ruas e avenidas onde a Porte atua, além do recém-entregue Josephine, de 40 andares e que evidencia a modernidade e renovação daquela parte da cidade. São todos imóveis dotados de alta tecnologia, sustentáveis, com acabamento de primeira linha e muitos diferenciais. Geram até 40% de economia em eletricidade ao usar energia solar para aquecer água nos banheiros, na pia da cozinha e no terraço gastronômico. Também reaproveitam a água da chuva, via dreno do ar-condicionado. Sua iluminação é automatizada e de alta eficiência. Os elevadores dos prédios contam com sistema biométrico nos acessos sociais e de serviço. Janelas e ar-condicionado são comandados via tablets. Os apartamentos vêm com aspiração por sucção central instalada nos rodapés, sistema antiembaçante nos espelhos e vidros duplos em dormitórios e salas. Tudo é pensado visando a criação de um produto exclusivo.
“O consumidor de alto padrão reforma o apartamento inteiro assim que o compra. Ele quer imprimir ali sua história e ter um lar personalizado”, observa Eugenio. Para tanto, essas pessoas procuram arquitetos ou designers de interiores que saibam conferir tal exclusividade. Há 20 anos no mercado, Patricia Anastassiadis, fundadora e diretora da Anastassiadis Arquitetos, é especialista em personalizar e entregar projetos únicos a cada cliente. Com um time de 60 profissionais de áreas distintas, o escritório atua em projetos de hotéis de luxo — seu foco atual —, mas também na arquitetura de interiores de lojas e restaurantes, além de empreendimentos imobiliários. “Nossa marca traz um grande diferencial de mercado, que é aquilo que chamamos de arquitetura integrada. Oferecemos um serviço que vai desde o desenvolvimento do conceito e do planejamento do empreendimento, passando pela arquitetura dos interiores, até chegar ao design de produtos”, conta Patricia. Ela explica que um projeto precisa ter um conceito formulado, que possa ser elaborado. Por isso, ela estuda cada detalhe dos trabalhos que assume, buscando unir preocupação estética às melhores soluções técnicas e funcionais. “Como trabalhamos com projetos exclusivos, há uma preocupação com todas as minúcias e detalhes. Nossos clientes são exigentes e, cada vez mais, sabem bem o que querem”, finaliza.
O mercado imobiliário de luxo é mais delicado que o comum, e as construtoras precisam estar preparadas para seduzir e encantar seu consumidor — o qual, vale frisar, é rigoroso, quer personificação e identidade própria, além de distinção e um relacionamento exclusivo e de satisfação com a incorporadora. As empresas sabem bem a importância e o peso que tais características têm para seu público-alvo; por isso, estão dispostas a não medir esforços ao investir em diferenciais, inovações e tecnologia.
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