Na briga pela Prefeitura de São Paulo, os candidatos fazem promessas para a área dos transportes que não sabem se poderão cumprir, se eleitos. Marta promete 47 quilômetros de metrô - o que, no ritmo de investimentos e obras até hoje, de 1,5 quilômetro por ano, em média, levaria 31 anos e não uma gestão para acontecer. Iniciado na década de 1970, o Metrô de São Paulo tem só 61 quilômetros.
Para cumprir sua promessa, a candidata precisará de R$ 8,6 bilhões em quatro anos só para o Metrô. "Isso significa quase três anos do orçamento da Prefeitura para investimentos em todas as áreas", diz o economista Odilon Guedes. E isso considerando-se R$ 180 milhões por quilômetro de linhas, média usada por especialistas, mas que muitos acreditam ser subestimada. Os 4,3 quilômetros de expansão da Linha 2-Verde, entre o Alto do Ipiranga e Vila Prudente, por exemplo, estão orçados em R$ 2 bilhões, segundo o BNDES, que financia 80% da obra. Ou seja, R$ 465 milhões por quilômetro. A candidata promete, ainda, fazer 228 km de corredores de ônibus, para os quais seria necessário outro R$ 1,1 bilhão.
Marta pretende cumprir tal façanha com a ajuda do governo federal, mas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) não há verba prevista para o Metrô de São Paulo. A alternativa seria o BNDES. "Marta aposta na proximidade com Lula, mas não tem como garantir que o dinheiro virá", diz o economista Cícero Yagi, do grupo de orçamento da ONG Movimento Nossa São Paulo, que criou o projeto de lei, aprovado na Câmara em 2007, obrigando os prefeitos a apresentarem um plano de governo em 90 dias.
O valor prometido por Kassab para o Metrô, de R$ 1 bilhão, é "mais plausível", segundo Yagi. Mas, ainda assim, representa mais do que o dobro do orçamento municipal para a área de transportes neste ano, de R$ 485 milhões. "Além disso, fatores como desapropriações atrasam e encarecem as obras, o que dificulta o cumprimento de promessas como esta", diz. Do R$ 1 bilhão anunciado por Kassab neste ano no Metrô, só 30% foram liquidados até o fim de agosto. O atual prefeito quer, ainda, investir no Rodoanel, fazer "dezenas de obras para facilitar o trânsito", modernizar a Companhia de Engenharia de Tráfego, ter novos ônibus e terminais. Sem mudar a tarifa de R$ 2,30, o que não lhe dá alternativa senão aumentar subsídios. Mas, assim como os demais candidatos, ele não diz de onde virão os recursos. "Em 2008, um dos melhores em arrecadação, a Prefeitura teve só R$ 3,2 bilhões para investir. Em tudo: creches, escolas, postos de saúde, hospitais, habitação", diz Yagi. "A conta não fecha." A proposta de Alckmin é similar à dos concorrentes, mas mais "vaga", assim como as de Soninha e Ivan Valente.
Os especialistas rechaçaram a freeway sobre as Marginais (ilustração), proposta de Maluf. "Nenhuma cidade melhorou a circulação com obras viárias", diz Jaime Waisman, do Departamento de Engenharia de Transportes da Escola Politécnica da USP.
Os especialistas rechaçaram a freeway sobre as Marginais (ilustração), proposta de Maluf. "Nenhuma cidade melhorou a circulação com obras viárias", diz Jaime Waisman, do Departamento de Engenharia de Transportes da Escola Politécnica da USP.
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