A região central de São Paulo tem vocação para a vida sem
carro -e isso já se reflete nos novos empreendimentos residenciais em oferta na
área. Segundo levantamento da consultoria imobiliária Geoimóvel, 25% desses
novos condomínios já vêm sem vaga de garagem.
Além da facilidade de interligação com todas as regiões da
cidade por metrô, ônibus e trens, os lançamentos no centro foram afetados pelo
Plano Diretor, que incentiva a construção de edifícios com no máximo uma
garagem por unidade e o uso misto, com comércio e serviços no térreo, perto do
transporte público.
Outro atrativo é o preço: uma vaga de garagem pode
acrescentar até R$ 60 mil no valor final de uma unidade, segundo estimativa da
incorporadora Setin. Tanto que alguns dos imóveis mais baratos disponíveis na
região não têm vagas, como o Setin Downtown São Luis, que custa a partir de R$
274 mil.
Segundo João Mendes, diretor comercial da incorporadora, a
aposta nos edifícios sem garagem não foi às cegas. "Começamos a lançar
esses empreendimentos há cinco anos e fomos percebendo a cada novo lançamento
que o mais demandado era o apartamento compacto sem garagem. Hoje, alguns deles
têm só 15% das unidades com vagas", conta.
A demanda vem de pessoas como o publicitário Eduardo Nasi.
Ele se mudou de Porto Alegre para São Paulo há dez anos para trabalhar em uma
agência no Brooklin (zona sul). Em um primeiro momento, decidiu viver perto do
emprego, já que não gosta de dirigir.
"Mas eu preferia o centro. No ano passado, decidi me
mudar, ir de ônibus até o trabalho, mas ter os serviços todos à mão",
conta Nasi. Ele encontrou o apartamento que buscava em frente à praça
Roosevelt. "Moro em um andar alto e o barulho do trânsito não me
incomoda."
É o mesmo caso da dona de casa Sheila Baray, 45, casada, mãe
de dois filhos adolescentes, que mora no bairro Campos Elíseos, sem carro.
"A escola dos meus filhos fica quase em frente da nossa casa. Tem metrô,
supermercado, padaria, tudo por perto", resume.
FACILIDADES
Saem as garagens, entram outras facilidades. Em um prédio da
incorporadora BKO, por exemplo, que lançou dois de seus quatro empreendimentos
no centro sem opção de garagem, cinco bicicletas elétricas vão ficar à
disposição dos futuros moradores. Um apartamento de 20 m² no empreendimento
custa a partir de R$ 207,5 mil.
Outro edifício da construtora, no largo do Arouche, a ser
lançado nos próximos meses, também não tem garagem e vai adotar o uso misto,
com comércio e residência em um mesmo empreendimento, também motivado pelo
atual Plano Diretor.
No prédio haverá um estacionamento particular, para quem
precisar guardar o carro, e um café no piso inferior.
Fonte: Ismael Pfeifer, Folha de São Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário