Uma cidade na região da Sicília, Itália, está
oferecendo uma proposta difícil de ser recusada: casas de graça ou por preços
simbólicos. Muitas propriedades do pequeno município de Gangi foram abandonadas
há gerações e, para reabitar a cidadezinha que começou a perder moradores no
final do século XIX, o governo local decidiu agir como um corretor de imóveis.
As casas oferecidas na pitoresca cidade localizada
nas montanhas de Madonie devem ser restauradas e tornadas habitáveis em até
quatro anos pelos novos donos. A oferta já atraiu dezenas de compradores
interessados em casas de verão e o renascimento do turismo local trouxe novas
oportunidades aos construtores e comerciantes da região.
“Para a nossa mentalidade siciliana, Gangi sempre foi
considerada uma cidade muito longe do mar” para ser atrativa para os turistas,
afirmou Giuseppe Farrarello, prefeito da cidade, ao jornal The New York Times.
A iniciativa de habitação, disse ele, “coloca em movimento o mecanismo que era
impensável anteriormente para uma cidade no centro da Sicília” onde cidades
encolheram diante das diminutas perspectivas econômicas da região.
Gangi tinha uma população de aproximadamente 16.000
pessoas em 1950, afirmou o prefeito. Atualmente, o número gira em torno de
7.000 habitantes. As ondas de emigração começaram no final do século XIX,
movidas pelas baixas perspectivas econômicas e pelo sonho de uma vida melhor na
América, afirma Marcello Sarja, diretor de um museu de imigração na Sicília.
Na década de 1890, segundo os registros da Ilha
Ellis, a principal entrada de imigrantes nos Estados Unidos, 1.700 moradores de
Gangi desembarcaram em Nova York entre 1892 e 1924. Entre os anos de 1930 e
1940, a Argentina acabou se tornando o destino preferido.
Muitas famílias deixaram para trás as casas típicas
da cidade, conhecidas como pagglialore. As estruturas, que se assemelham a
torres, abrigavam jumentos e cavalos no piso térreo. Galinhas e cabras eram
mantidas no andar médio, enquanto a família do agricultor vivia no piso
superior. Essas propriedades agora estão entre as que a cidade tornou
disponíveis para compra.
Até agora, mais de 100 casas já foram doadas ou
compradas por preços extremamente baixos.
A comunidade conseguiu também facilitar o processo de
apropriação das propriedades, extremamente burocrático na Itália, e facilitar
ainda mais a vida dos novos moradores de Gangi.