A partir da próxima quarta-feira
(31), novos prédios construídos na cidade de São Paulo terão que dispor de
sistema de recarga de carros elétricos. A exigência vale para projetos de
prédios comerciais e residenciais registrados na prefeitura a partir desta
data. Ou seja, edificações que já estão em andamento não precisam dispor do
serviço ou fazer adequações.
A lei determina que a medição do
consumo de energia elétrica, utilizada para cada carro, deve ser
individualizada. Já a cobrança pelo uso não é detalhada na legislação, mas pode
ocorrer na hora ou vir no boleto do condomínio.
A nova lei deve promover mudanças
em mais de 1 mil projetos de novos prédios, voltados para as classes A e AB e
construídos nos próximos cinco anos na cidade. A projeção é da Zletric, uma das
empresas que faz a instalação dos sistemas de recarga de carros elétricos e que
já registra alta na procura pelo serviço.
"Nos condomínios que já
estão alterando os projetos para cumprir a lei, a empresa está instalando os
pontos de recarga nas áreas comuns dos prédios. A taxa de energia é paga apenas
por quem abastece o carro, apesar de estar instalado em área comum",
explica o diretor-executivo da Zletric, Pedro Schaan.
A instalação dos pontos depende
de uma revisão do projeto elétrico do prédio e pode ser feita com um ponto por
vaga, contemplando todo o estacionamento da edificação, ou a chamada "vaga
verde", com rotatividade dos automóveis. Em ambos os casos, a recarga é
monitorada via aplicativo do usuário.
Sistema pode custar R$ 60 mil
A compra de um carregador de
carro elétrico varia entre R$ 6 mil e R$ 10 mil, segundo Schaan. Para um
condomínio de seis prédios, por exemplo, seria necessário desembolsar entre R$
36 mil e R$ 60 mil para um sistema que atendesse todos os moradores.
Há ainda possibilidade de alugar
o sistema - R$ 200 mensais por ponto de recarga. Neste caso, a taxa de energia
correspondente aparece diretamente na fatura de luz, já que o aluguel é para
pessoas físicas.
Apesar dos custos, a
possibilidade de aumento nos preços dos apartamentos novos - e até dos aluguéis
- é refutada pelo Secovi-SP (Sindicato da Habitação do Estado de São Paulo, que
representa 90 mil empresas.
"A lei não dimensiona o
gasto das construtoras. Não acredito que haja repasse ao consumidor. Na questão
da locação, aí sim poderia ter um aumento, mas é muito difícil, porque são
poucos carros elétricos rodando no país atualmente", explica Carlos
Borges, vice-presidente de Tecnologia e Sustentabilidade do sindicato.
A expectativa é que outras
cidades adotem a legislação. "Vamos ter um processo progressivo de
instalação de pontos de recarga. Estamos fazendo um movimento para que sejam
instalados pontos em postos, hotéis e motéis, além das residências. Só que no
Brasil este processo é mais lento. Na Europa, já temos 3% do parque automotriz
composto de veículos elétricos. Já no Brasil, além do desinteresse e falta de
incentivos, a pandemia contribui para a lentidão na adesão", entende
Borges.
Fonte: UOL Hygino Vasconcellos