A compra de um imóvel é uma das decisões
financeiras que mais comprometem o orçamento e, por isso, deve ser bem
avaliada.
Quem vai comprar um imóvel financiado, poderá
comprometer até 30% da sua renda por um período de até 30 anos.
"Se uma pessoa ganhar R$ 5.000, por exemplo,
ela poderá comprometer até R$ 1.500 por mês, sobrando R$ 3.500 para viver com
sua família .
Pense que isso poderá durar até 30 anos", exemplifica
Marcelo Tapai, advogado especializado em Direito Imobiliário.
Por isso, especialistas recomendam que a decisão da
compra deve ser tomada com muito cuidado e só deve ser concluída após o
comprador tomar alguns precauções.
Veja, a seguir, as orientações dadas por Tapai e
também pelo economista Luiz Calado, vice-presidente de Relações Institucionais
do Ibef (Instituto Brasileiro de Executivos Financeiros) e autor do livro
"Imóveis – seu guia para fazer da compra e venda um grande negócio".
1) Decida quanto você quer gastar
Isso deve incluir os gastos com documentação e
decoração. Em São Paulo, os custos com documentação chegam a 4% do valor do
imóvel. Segundo Marcelo Tapai, os gastos com decoração costumam representar de
20% a 30% do valor do imóvel. "Dependendo do acabamento escolhido, até
mais", diz. E ainda há outros custos tais como condomínio e IPTU.
Informe-se sobre todos eles.
2) Planeje como vai dar a entrada
Faça aplicações regulares, guardando dinheiro todo
mês. Luiz Calado sugere aplicações automáticas, para que, desta forma, o
poupador não se esqueça de reservar o dinheiro mensalmente.
3) Teste sua capacidade de pagamento
Antes de comprometer o dinheiro num financiamento,
faça um teste: poupe todo mês o dinheiro com o qual pretende pagar a prestação
durante um período. Luiz Calado sugere um prazo mínimo de três meses. "Ou
até ter confiança da decisão", diz. Se sentir dificuldade para guardar
esse dinheiro, isso significa que o valor financiado deverá ser menor ou então
o prazo de pagamento deverá ser maior. Para saber o valor das parcelas, faça
uma simulação de empréstimo para pagar sua casa antes mesmo de começar a
procurá-la. Essa é uma forma de saber quanto de sua renda ficará comprometida.
4) Cuidado com o comprometimento da renda
Cuidado com o porcentual da sua renda que ficará
comprometido com as prestações, pois a renda não se mantém a mesma ao longo dos
anos. Tenha em mente que imprevistos acontecem e é preciso ter uma poupança
reservada para emergências como desemprego ou doença. A reserva de emergência é
para ser usada apenas em caso de necessidade. O valor varia de acordo com a
atividade da pessoa. Um funcionário público que tenha estabilidade pode
acumular o equivalente a seis meses de despesas. Já um profissional liberal ou
autônomo, sem garantia de renda, deve poupar no mínimo 12 meses de despesas.
5) Contenha o entusiasmo
Procure não comprar o imóvel no mesmo dia em que
foi vê-lo. "Nada é tão sensacional que não permita ir para a casa refletir
sobre a compra", diz Marcelo Tapai. "É melhor perder um imóvel
excelente do que ficar com um problema por muito tempo."
6) Não tenha preguiça de pesquisar
Antes de comprar, compare muitos imóveis. Vá a
lançamentos imobiliários, compareça a estandes de venda, visite os apartamentos
decorados, converse com corretores. Compare as vantagens e desvantagens do
imóvel novo e do usado.
7) Atenção para a "maquiagem"
Peça ajuda de um especialista para avaliar se o
imóvel está em boas condições ou se não foi "maquiado" para a venda.
Um especialista vai identificar infiltrações e problemas com a estrutura do
imóvel, que muitas vezes estão disfarçados com pintura, por exemplo.
8) De olho nas medidas
Quando for comprar um imóvel na planta, confira se
os móveis têm medidas comerciais, porque isso pode representar uma grande
diferença na hora de mobiliar.
9) Financiamento só com nome limpo
Antes de solicitar um financiamento, certifique-se
de que todos que irão compor a renda estejam com o nome limpo. O financiamento
só será aprovado depois que a situação for regularizada.
10) Taxa de corretagem é custo do vendedor
A taxa de corretagem deve ser paga por quem vende o
imóvel. Atenção com contratos que embutem a taxa de corretagem para o
comprador. Caso isso ocorra, é possível entrar na Justiça pedindo ressarcimento
por um prazo de até 5 anos.
11) Pense no futuro
A família vai crescer ou diminuir? Há perspectiva
de ter mais filhos ou eles estão em idade de sair de casa? Refletir sobre o
assunto evita que a casa tenha de ser vendida num curto período de tempo.