O setor imobiliário começa a dar mais atenção ao primeiro
andar, considerado por muitos uma espécie de "patinho feio" dos
prédios. Novos empreendimentos preveem apartamentos de primeiro piso em alturas
maiores, com mais espaço, quintal particular e até em forma de sobrado.
Essa tendência se concentra hoje principalmente nos projetos
de alto padrão, afirma o diretor de incorporações da Galli CGN, Carlos Alberto
Innocencio, 39.
Nos demais, o maior diferencial ainda é o preço, "de
10% a 12% menor em relação aos outros andares do prédio", segundo o
diretor comercial da imobiliária Júlio Bogoricin, Leandro Amaral, 46.
A construtora Kauffmann colocou o primeiro piso "nas
alturas": em seus novos projetos, com pé-direito maior no térreo, o
primeiro pavimento residencial começa onde antes seria o terceiro.
O espaço disponível é destinado à área de lazer, à sala de
ginástica e à piscina aquecida, conta Clélio de Albuquerque Melo Júnior,
diretor comercial da agência Gabriel Monteiro da Silva, nos Jardins (zona oeste
de São Paulo). No Pallazzo del'Imperatore, no Jardim Paulistano, as unidades
são oferecidas a partir do quinto piso.
Primeiros andares de prédios da construtora Líder também
"ficam a até 15 metros de altura, entre o quarto ou quinto pisos",
diz a coordenadora de projetos da empresa, Patrícia Valadares, 29.
Além do pé-direito duplo, a Líder projetou um mezanino para
serviços e piscina coberta no térreo do futuro Studio Home Bela Cintra, na
região central.
Odair Senra, 54, diretor de incorporações da Gafisa, cita o
condomínio Liberty, no bairro Colina de São Francisco (zona oeste), como
exemplo de solução. Lá, o térreo e o primeiro andar foram integrados, criando
uma espécie de sobrado, com quintal nos fundos.
Janela indiscreta
Barulho, proximidade da área de lazer, entupimentos nos
canos. Isso faz com que muitos considerem o primeiro andar um pavimento não tão
nobre no edifício.
"Após dois anos morando no primeiro andar de um prédio
na Chácara Flora (zona sul), jurei que nunca mais compraria outro abaixo do
quinto piso", diz Raul Lessa, 51, empresário. Para ele, o maior
inconveniente é a falta de privacidade. "Todos conheciam meus lustres,
minhas cortinas e até minhas roupas íntimas."
Além disso, a unidade distante do solo "é mais fácil de
vender", aponta Melo Júnior. Para o diretor de produtos da imobiliária
Fernandez Mera, Fábio Soltau, 40, esse tipo de imóvel, com uma vista mais
agradável, seduz "potenciais moradores e também investidores".
Fonte: Folha de Sâo Paulo / Nathalia Barboza