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sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Em crise, espanhóis "rifam" imóveis por cerca de R$ 25

Com a queda dos preços de imóveis devido à crise financeira que afeta o país, os espanhóis encontraram um outro modo para conseguir vendê-los. Uma empresa promove o sorteio de casas por meio de uma rifa na internet com cotas de € 10 (cerca de R$ 25).
 
"Trata-se de uma aquisição coletiva. A casa é comprada por todos aqueles que participam e fica com o ganhador do sorteio", explicou o empresário Leónard Simpatico.

Queda nos preços

Os imóveis espanhóis ficaram 32,4% mais baratos desde que alcançaram seu preço mais alto em dezembro de 2007. Entretanto, as vendas não aumentaram diante da escassez de empréstimos hipotecários autorizados pelos bancos.
A ideia do empresário é oferecer uma oportunidade tanto aos que querem vender suas casas, mas não têm comprador, como àqueles que querem comprar, mas não conseguem crédito hipotecário.
"Antes você trabalhava, ia ao banco, financiava e comprava uma casa. Agora este esquema acabou. Os bancos deixaram de cumprir seu papel e é muito, muito difícil ser proprietário", afirmou Simpático.

Sorteio

O interessado em vender sua casa poderá anunciar no site e serão os próprios internautas que vão decidir os imóveis a serem rifados. A companhia vai comprar as casas escolhidas (o que a obriga a ter uma sede no país) e sorteá-las entre as pessoas que adquiriram as cédulas correspondentes por € 10.
Segundo Simpatico, uma mesma pessoa não poderá adquirir mais de cinco cédulas por mês a fim de evitar a lavagem de dinheiro e para não incentivar o vício em jogos. Cada imóvel sorteado sairá por um preço fixo, de modo que o sorteio não será efetuado até que sejam vendidas cédulas suficientes para cobrir este valor.
Posteriormente, um agente judicial realizará o sorteio entre as cédulas vendidas e o ganhador se tornará o proprietário da casa sem nenhuma despesa. A empresa fica com uma comissão de 15% do preço fixado.

Filiais

Simpatico disse que seu site é acessado atualmente por pessoas de 33 países e adiantou que, após abrir sedes na França e na Espanha, prevê filiais em Marrocos, Romênia, China, Reino Unido, Bélgica e Grécia antes do fim do ano.
O empresário garantiu que sua empresa não oferece um jogo de azar "online", pois é um "jogo sem a obrigação de compra" e o participante pode resgatar seu dinheiro antes do sorteio.
 
(Com informações da Efe)

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Minha Casa, Minha Vida muda para atingir classe média

O governo Dilma prepara mudanças para expandir o foco do programa Minha Casa, Minha Vida, cujo limite de financiamento habitacional nas capitais chega a R$ 170 mil e pouco atende a classe média devido ao aumento nos preços dos imóveis.
 
Segundo o presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Hereda, a proposta é reduzir os juros e aumentar os limites de renda familiar que podem acessar o programa e os valores financiados.
 
 
Hoje, só famílias com renda de até R$ 5.400 mensais se enquadram no programa, que utiliza recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) e tem juros máximos de 8,16% ao ano.
 
Para a faixa que ganha de R$ 3.101 a R$ 5.400 (faixa 3), a nova taxa deve cair de 8,16% ao ano para 7,16%.
 
Hereda não disse qual a taxa será dada para as famílias com renda entre R$ 1.600 e R$ 3.100 (faixa 2), que hoje têm juros de 6% ao ano.
Para as famílias com renda de até R$ 1.600, o governo compra o imóvel e subsidia até 95% do valor.
 
REAJUSTE NOS LIMITES
 
"O governo, através do Ministério das Cidades, está propondo reajuste tanto nos juros quanto nos limites. Recentemente tivemos alteração nos valores do Minha Casa, Minha Vida na faixa 1 [renda até R$ 1.600]. É natural que a faixa 2 e 3 tenham também reajuste", disse.
 
Na sexta, a Caixa anunciou uma injeção de R$ 13 bilhões do governo, sendo que R$ 3 bilhões serão destinados ao financiamento de material de construção, dentre outros, para clientes ligados ao Minha Casa, Minha Vida.
 
Para João Crestana, ex-presidente do Secovi (Sindicato da Construção), as mudanças estudadas devem ampliar a participação da classe média urbana no programa.
"Está começando a ficar difícil utilizar o programa, porque a classe média subiu de patamar. Ou você retira a classe média, o que é uma temeridade, ou ajusta para que possa atender mais gente. O governo está muito sensível a isso", disse Crestana.
 
Fonte: Uol
TONI SCIARRETTA de SÃO PAULO e NATUZA NERY de BRASÍLIA

domingo, 16 de setembro de 2012

Preço de imóvel é irrealista e insustentável, diz estudo

Estudo conduzido por dois pesquisadores do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) aponta "possibilidade concreta de existência de uma bolha no mercado de imóveis no Brasil", que pode estourar com a possível elevação futura dos juros.

Ou, em outras palavras, que a disparada dos preços de casas, terrenos e apartamentos nos últimos anos está resultando em valores irrealistas, incompatíveis com os movimentos de oferta e procura do mercado -e, portanto, insustentáveis.

Assinado pelos economistas Mário Jorge Mendonça e Adolfo Sachsida, o trabalho alimenta com novos argumentos a controvérsia instalada entre estudiosos, compradores e vendedores.
Os autores calculam que os preços tiveram alta de 165% na cidade do Rio de Janeiro e de 132% em São Paulo entre janeiro de 2008 e fevereiro deste ano, contra uma inflação de 25% no período.

Com intervalos de tempo menores, em razão da indisponibilidade de dados mais antigos, também se constataram aumentos bem superiores à inflação em capitais como Recife, Belo Horizonte, Brasília e Fortaleza.

IMPULSO DO GOVERNO

Tradicionalmente, bolhas de preços são infladas pelo crescimento acelerado da oferta de crédito.

Esse crescimento aconteceu no setor habitacional brasileiro -com o impulso, enfatiza o estudo, de programas, incentivos e obras do governo federal.

"A insistência do governo em aquecer ainda mais um mercado imobiliário já aquecido só tende a piorar o resultado final", diz o texto.

Entre os exemplos citados estão, além dos juros favorecidos para o setor imobiliário, o programa Minha Casa, Minha Vida e os empreendimentos vinculados à Copa do Mundo de 2014 e aos Jogos Olímpicos de 2016.

Vinculado à Presidência da República, o Ipea não endossa essas conclusões. Em seu boletim "Conjuntura em Foco", o órgão argumenta que o volume de crédito no país ainda está muito longe dos 65% do Produto Interno Bruto contabilizados nos EUA.

Mas o próprio boletim mostra a rapidez da expansão dos financiamentos habitacionais brasileiros, que saltaram de 1,5%, em 2007, para mais de 5,5% do PIB neste ano.

BANCOS PÚBLICOS

Mendonça e Sachsida afirmam que, a partir do agravamento da crise internacional, no final de 2008, o crédito imobiliário tem crescido em ritmo superior ao do destinado a outros setores, especialmente nos bancos públicos.

Antes, a ampliação do crédito era puxada por bancos privados e privilegiava os setores industrial, rural, comercial e empréstimos diretos a pessoas físicas.

Segundo o estudo, a escalada dos preços dos imóveis tende a ser interrompida ou revertida com a alta dos juros, o que é esperado com a retomada do crescimento econômico e, mais ainda, com uma alta futura das taxas internacionais.

O texto diz que os efeitos de uma eventual crise no mercado imobiliário brasileiro não serão catastróficos como os do estouro da bolha americana, ponto de partida da crise global. "Contudo, não serão desprezíveis."

ASCENÇÃO SOCIAL

Bolhas especulativas acontecem, pela definição mais usual, quando os preços sobem simplesmente porque os investidores e compradores acreditam que os preços subirão ainda mais no futuro.

Exemplos do gênero são mais comuns nos mercados de ações e imóveis, mas o primeiro caso documentado, no século 17, envolveu a mania por tulipas na Holanda.

Os preços subiram rapidamente e pessoas de todas as classes vendiam propriedades para investir nas flores. Depois de alguns anos, a bolha estourou, os preços caíram subitamente e inúmeros negociantes foram à falência.

Não é simples determinar se uma disparada de preços é uma bolha ou se está amparada em transformações da economia ou da sociedade.

No caso dos imóveis brasileiros, a alta pode ser resultado da ampliação da classe média nos últimos anos, possibilitada pela melhora do mercado de trabalho e pela ampliação dos programas de transferência de renda.

É o que defende um estudo produzido em 2010 pela MB Associados a pedido da associação dos bancos financiadores de imóveis. Por esse raciocínio, a ascensão social impulsionou a demanda em ritmo superior ao da oferta.

O texto não descartava, porém, a possibilidade de que a alta de preços se transformasse em bolha no futuro. E acrescentava que bolhas só podem ser determinadas com certeza quando estouram.

Fonte: Gustavo Patu de Brasília

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sábado, 8 de setembro de 2012

Construtora OAS é a maior doadora das campanhas em SP

A construtora OAS é a maior financiadora privada dos três candidatos que lideram as pesquisas de intenção de voto para a Prefeitura de São Paulo: Celso Russomanno (PRB), José Serra (PSDB) e Fernando Haddad (PT). A empreiteira investiu R$ 2,75 milhões nas três campanhas.

As contribuições da OAS para Russomanno somam R$ 500 mil e foram as primeiras recebidas de empresas privadas pelo candidato --até então o líder nas pesquisas tinha apenas recursos do fundo partidário do PRB e contribuições de pessoas físicas. Da construtora, Serra recebeu R$ 1,25 milhão, e Haddad, R$ 1 milhão.

Em 2011 e 2012, a OAS recebeu mais de R$ 100 milhões por contratos com a prefeitura.
Fonte: UOL / SP

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

MP investiga se incêndios nas favelas de São Paulo têm relação com interesse imobiliário

O Ministério Público de São Paulo investiga se a série de incêndios ocorridos desde janeiro deste ano em favelas da capital paulista têm relação com o interesse do setor privado ou do setor público em construir nas áreas de entorno dessas comunidades.

Até agora, segundo a Defesa Civil municipal, foram 31 casos na cidade --sendo 15 desde julho. O número é 30% superior ao de todo o ano de 2011, quando 24 incêndios foram registrados. Os números dos bombeiros são maiores: segundo a corporação, a capital registrou 32 incêndios até o começo de setembro de 2012 ante 79 ocorrências durante o ano de 2011. A corporação, no entanto, contabiliza também pequenas ocorrências e comunidades com qualquer número de domicílios.

Em entrevista ao UOL, o promotor de Habitação e Urbanismo da capital, José Carlos de Freitas, afirmou que, “com ou sem incêndio”, a leitura da Promotoria para os casos remete a obras públicas ou interesse do mercado imobiliário.

“Chama atenção que os incêndios vêm acontecendo de uns bons anos para cá, e a contagem deles aumentou neste ano”, disse. “Não podemos afirmar que exista uma atitude orquestrada por trás disso, mas é muito preocupante que esses incêndios aconteçam principalmente quando temos obras públicas ou áreas nas quais o mercado imobiliário tem um interesse enorme de produzir habitação à população de alta renda”, completou.

De acordo com o promotor, os procedimentos cíveis e criminais instaurados pelo MP, além de ações civis públicas já propostas nos últimos meses, apuram ainda para onde os moradores removidos em operações urbanas da Prefeitura de São Paulo, ou por conta dos incêndios, foram encaminhados.

“Temos visto que, quando esses moradores saem das áreas atingidas, eles não retornam para sua localidade e não há ações do poder público para garantir que residam onde estavam residindo –que é onde essas pessoas não só moravam como também trabalhavam ou tinham filhos em creches ou escolas, por exemplo”, definiu o promotor. “A exceção muito grande a essa regra é o que acontece com o Jardim Edith: ali, a construção de habitação popular dentro da operação Água Espraiada só foi adiante porque existe ação da Defensoria Pública acompanhada pelo MP."

Freitas é o responsável pelo inquérito civil do MP que apura o incêndio ocorrido na última segunda-feira (3) na comunidade do Jardim Sônia Ribeiro, conhecida como “Favela do Piolho”, no Campo Belo (zona sul). Na última nesta quarta-feira (5), ele requereu esclarecimentos da prefeitura e do governo estadual sobre as ações “de ordem habitacional, assistencial, de educação e saúde no que diz respeito a essas famílias”. A estimativa é que ao menos 1.400 pessoas tenham ficado desalojadas só nessa favela.

Urbanistas contestam hipótese de “gatos”

Arquitetos urbanistas ouvidos pela reportagem também disseram estranhar a versão oficial de que a maior parte dos incêndios em favelas paulistanas diz respeito ao tempo seco e a ligações elétricas irregulares, os chamados “gatos”. Foi essa a versão fornecida, por exemplo, pela Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) e pela Defesa Civil municipal quando questionadas sobre as principais causas dos incêndios.

“Acompanhei esses casos e acho muito estranho, pois normalmente as favelas bem localizadas se incendiam mais frequentemente do que as mal localizadas. Além disso, esses incêndios mostram despreparo total da prefeitura em atender essas pessoas”, avaliou a arquiteta Lucila Lacreta, do Movimento Defenda São Paulo.

Para a urbanista, a solução dada aos moradores removidos –cestas básicas ou aluguel social por tempo limitado– “não as atende de forma eficiente quando esses sinistros acontecem”. “Isso é uma tragédia para a cidade, porque são pessoas em geral trabalhadoras, ainda que com uma renda muito baixa. Mas não dar a elas opção de moradia faz o problema social se avolumar e afetar toda a população.”

Para o arquiteto e urbanista Leandro Medrano, professor da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da Unicamp, atribuir ao clima seco e aos “gatos” o grande número de incêndios nas favelas “é uma ofensa ao morador”.

“Porque esse cidadão está largado em uma área, ele tem uma importância muito aquém nas políticas públicas. Mas chama atenção, mesmo porque, todo assentamento subnormal [nome dado pelo IBGE para definir comunidades a partir de 51 domicílios] não tem nenhum tipo de estrutura adequada em luz e gás, por exemplo, e não são tantos casos assim de incêndio como em São Paulo”, avaliou.

“Favela influencia valor de imóvel”

Já o arquiteto urbanista Kazu Kakano, do Instituto Pólis, avaliou que ações criminosas nesses tipos de incêndio não são descartadas. “Favela na cidade de São Paulo não é só uma situação precária: ela influencia o valor do imóvel nos arredores. Há essa segregação socioespacial entre ricos e pobres, e creio sim que há essa possibilidade de esses incêndios terem razão criminosa, intencional. E como não temos uma investigação profunda desses casos, não sou otimista: acho que esses incêndios vão continuar acontecendo. Não vejo ação consistente nem em resolver o problema da moradia, nem ações emergenciais –aí não tem como ter outra conclusão", avalia.

O UOL tentou saber desde a última segunda-feira (3) da Prefeitura de São Paulo para onde as famílias removidas em função de incêndios em favelas foram levadas. A informação, contudo, ainda não foi divulgada.

Sobre supostas falhas na investigação dos incêndios, a SSP reforçou conteúdo de nota oficial, segundo a qual os casos, em sua maioria, estão relacionados aos “gatos”.

Fonte: Janaina Garcia do UOL, em São Paulo